quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Blog

A escolha do blog como ferramenta de avaliação da disciplina Tópicos Especiais e Psicometria G foi a ilustração perfeita de todos os assuntos abordados ao longo da disciplina. O comunicado de que esta seria a avaliação e a posterior reclamação dos alunos no último dia de aula, me fizeram pensar todos os conteúdos aprendidos no curso.
Não sei se essa era, desde o início do período, a intenção do professor Pedro Paulo, ou se o curso de um período agitado por enchentes, copa do mundo e feriados o levaram à essa escolha. Sim, porque se deixar levar pelos acontecimentos, também é uma escolha. Digo isso, por lembrar-me da discussão que tivemos em sala de aula sobre os critérios que escolhíamos para nos inscrever nas disciplinas. Muitos relataram se levar pelas circunstâncias atuais da formação em psicologia na UFRJ, no sentido de aderir aos horários, muitas vezes cheio de lacunas, propostos pelo IP; e entender que isso também é uma escolha foi algo muito questionado e problematizado durante a discussão.
Outra questão que o blog ilustra é o estranhamento do novo, do diferente com a quebra das “regras invisíveis” levantadas e analisadas durante a aula do vídeo sobre os Sem Terras que visitaram o Rio Sul.
Qual é a “regra invisível” que determina que prova e ou trabalho são as únicas formas de se avaliar o aprendizado dos alunos?
A institucionalização de uma ferramenta de avaliação ou naturalização de algo quando desnaturalizado gera estranhamento.
Acredito que a nossa cara de espanto no último de aula quando foi anunciado que o blog seria a única forma de avaliação, deva ser a mesma cara de estranheza dos candidatos à Análise do Vocacional ao receber a informação que o valor do pagamento da análise será atribuído por eles.
Numa sociedade materialista e consumista em que o normal é que tudo tenha preço determinado, poder estabelecer o valor, o preço que queremos pagar quebra as regras instituídas, e o estranhamento é algo natural. O que não pode ser natural é que nós, enquanto futuros psicólogos, achemos natural ter só um caminho para as coisas, principalmente, os cominhos institucionalizados. Para o bem de nossa profissão, devemos sempre abrir o leque das possibilidades, não só para nossos clientes/pacientes, como para nós mesmos; e isso foi a principal coisa que eu aprendi com essa disciplina e o blog corroborou para isso.
Laura Sabino.

4 comentários:

  1. Entender o blog como uma ferramente que é inovadora em si pode ser uma falacia. Em primeiro lugar, porque provas e trabalhos, tão duramente criticados, podem ter um sentido inovador, dependendo da forma com que os professores e alunos se dispõem a encarar tal metodologia de avaliação. Em segundo lugar, porque o blog pode ser igualmente uma ferramente que serve para uma "pura repetição", o que acontece quando os alunos contentam em elogiar, reproduzir e repetir comentários, textos, idéias que deveriam coincidir com aquelas esperadas pelo avaliador. Assim, embora o blog seja uma iniciativa interessante, ele não garante por si só uma mudança mais profunda do sistema de avaliação de que reclamamos com tanta facilidade. Parece imprescindivel dar um passo a mais, o passo derradeiro, para modificar essa relação - talvez seja a mudança de critérios de avaliação, talvez seja a mudança de critérios na hora de escolher o que postar, por parte dos alunos. O certo é que ferramenta NENHUMA garante qualquer transformação.

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  2. Pedro Porto Gusmão9 de julho de 2010 às 22:34

    Quem diria que o post de um Anônimo tocaria em um ponto tão interessante?

    Os pró e contras do blog foram discutidos na sala de aual, mas acho que o Anônuo tocou no ponto certo em dizer que o blog não oferece mais segurança do que uma prova, apenas apresenta carácterísticas diferentes.

    Se o propósito do blog era uma criação conjunta, com todo os alunos respondendo uns aos outros, me pergunto se esse objetivo foi alcançado.

    Chegamos no final de período e sem sobra de dúvida o momento que o blog mais teve acesso foi na última semana. Acho que na última aula foi quando realmente bateu a noção que nossa avaliação seria SOMENTE o blog. Para muitos foi a chamada "wake up call", onde finalmente somos arrancados da inércia e temos que fazer nosso trabalho.

    Porém, como o Anônimo bem falou, foram muitos posts feitos em pouco tempo, muito material para ler e pensar. Acredito que esse influxo de informações tenha prejudicado construção coletiva. Todos querem postar logo, para não tirar nota baixa. Talvez tivesse sido mais interessante um acompanhamento mais próximo do blog, talvez cada aluno devesse contribuir pelo menos 1 vez a cada 15 dias. Quem sabe assim o trabalho de correção teria se diluido e haveria mais participação concreta dos alunos.

    o/

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  3. Embora eu tenha achado o blog uma proposta super interessante de avaliação, justamente por contemplar o novo, não acredito que um instrumento por si só produza algo, é o uso desse instrumento que produz.

    Particularmente, como eu já disse em sala, não gosto de postar em blogs! Nenhum Blog! saber que eu seria avaliada com isso foi extremamente desconfortante. Mas obviamente quando disse isso em sala não pretendia julgar o blog a partir das minhas sensações, só achei o momento propício para falar do que me trouxe desconforto durante a disciplina.

    Concordo plenamente com o Pedro quando ele fala sobre um acompanhamento do blog. Algumas discussões travadas aqui foram super interessantes, porém não puderam ser aprimoradas presencialmente. Tenho a sensação de perda aqui.

    Mas no útlimo dia alguém falou sobre a possibilidade de ser livre quando se posta num blog, eu acho que essa liberdade não depende de onde você escreve mas de quem avalia sua escrita.

    Camilla Moreira

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  4. Concordo com os comentários acima. Embora a idéia da avaliação pelo blog fosse uma mudança no sistema, acho sintomático que 50% dos posts tenha ocorrido nos 10 dias do mês de julho. Parece que há - pelo menos por parte dos alunos - certo desespero pela produção de textos a serem avaliados.

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