quarta-feira, 7 de julho de 2010

Escolhas e Relações Amorosas

Herika Cristina da Silva

Tanto se fala aqui sobre nossas escolhas, mas sempre voltada para a questão profissional, o que não deixa de ser um fato óbvio, já que a disciplina a qual estamos nos referindo é Análise do Vocacional. Contudo, como muito se foi falado em sala de aula, tanto pelo professor Pedro Paulo, quanto por seus monitores ou integrantes do grupo de análise do vocacional, ao falar de escolha profissional, estamos falando de escolhas, em geral. A escolha da profissão é apenas uma das diversas escolhas que fazemos em nossa vida. E como uma escolha, ela possui critérios que podem não ser diferentes ou ser semelhantes a outras variadas escolhas que fazemos ao longo de nossas vidas, até mesmo se seus temas forem distintos.
Portanto, pensando nessa questão de escolhas de uma maneira ampla, o que falar de nossas escolhas amorosas? A escolha amorosa está sempre nos permeando e é de interesse de todos. Quem nunca passou por uma escolha amorosa? A escolha amorosa também é atravessada por critérios, ou todos escolhemos nossos pares aleatoriamente? Acredito que até mesmo escolher um par aleatoriamente é uma questão de escolha. A aleatoriedade passa a ser um critério. Que critério você usa para escolher par? Será a beleza, a inteligência, a cultura, a conversa, o poder econômico, o status? Os critérios podem ser os mais variados possíveis. Há quem diga que só gosta de moreno(a)s, ou não, “só me interesso por loiro(a)s”, há quem diga que prefere uma pessoa feia “com conteúdo” do que uma linda “sem nada a acrescentar” ou aquelas que não resistem a um rostinho bonito ou a um corpo escultural.
É evidente que usamos algum tipo de critério ao fazermos uma escolha amorosa, mas será que temos consciência do critério que usamos? Talvez muita gente nunca tenha parado para pensar nisso, mas, certamente, essa disciplina nos provoca a pensar não somente em nossas escolhas profissionais, mas em todas as nossas escolhas. O que me faz escolher um namorado, um ficante, um affair? Será que meu critério usado numa escolha assim pode me ajudar a entender a minha escolha profissional? E será que eu sei como escolho a roupa que vou usar em cada dia ou situação? Essa simples pergunta, por incrível que pareça, fez muita gente começar a se questionar em sala de aula, foi perceptível. Houve quem disse que ia voltar pra casa pensando nisso: que critérios eu uso para escolher a minha roupa?
Logo, a escolha é um campo enorme, que não se resume a escolha profissional. Estamos a todo momento escolhendo, e, analisando não somente os atravassamentos de nossa escolha profissional, mas de nossas escolhas em geral, podemos ter respostas muito mais interessantes e “lucrativas”. E acho que é isso que é feito e proposto por essa disciplina e pelo grupo de análise do vocacional. Portanto, entender isso, já me foi válido demais.

Um comentário:

  1. Felipe Nunes de Lima9 de julho de 2010 às 22:12

    A questão sobre os critérios que utilizamos para fazer escolhas também afetou muito a mim nas aulas de Análise do Vocacional. Li em um texto da disciplina (cujo nome não me recordo) que tratava do processo de escolhas algumas coisas bem interessantes sobre esse tema. Aprendi que uma escolha é sempre um ato de coragem, na medida em que, segundo a perspectiva que foi abordada na disciplina, uma escolha necessariamente é um processo de tensão: a escolha envolve duas ou mais possibilidades que são igualmente atrativas. Assim, não há escolha quando comparamos duas possibilidades que, sobre a ótica do sujeito, estão distantes uma da outra no que diz respeito ao seu valor. A escolha envolve necessariamente conflito, perda, e, portanto, constitui-se como um ato de coragem. É por ter como característica fundamental a tensão, a angústia, que o psicólogo configura-se como importante auxiliador desse processo.

    Como se trata aqui de um ato de coragem, e, os jovens, ao escolher sua profissão, encontram-se numa posição que é difícil de ser sustentada, podemos pensar que cabe também ao psicólogo oferecer um suporte não diretivo ao cliente. A finalidade desse suporte é que o cliente consiga sustentar a posição de fazer uma escolha, com toda a responsabilidade e risco que estão envolvidos nesse processo. No entanto, é de extrema importância que o psicólogo consiga oferecer essa assistência sem apontar para o sujeito uma determinada profissão.

    Felipe Nunes de Lima

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