quarta-feira, 30 de março de 2011

Escolhas Infinitas

Colocar em análise a atividade de escolher parece algo simples e objetivo de se fazer. Contudo, analisar o ato de escolher requer profunda poderação, uma vez que as pessoas são todo o tempo impelidas a escolher ente alternativas e se quer consideam que o ato de escolher significa deixar de fora. Deixar de fora as possibilidades que inicialmente não puderam ser pensadas seja por falta de tempo ou pelo automatismo requerido pela sociedade acelerada de hoje. Deixar de fora as opções detalhadas e cruzadas pela indisponibilidade de atenção por conta da multifuncionalidade exigida no cotidiano. Deixar de fora as alternativas enviesadas quando se trata de considerar critérios próprios do indivíduo que os substituem pela plausibilidade das convenções sociais. Deixar de fora a possibilidade de se implicar nas inúmeras escolhas diárias já que delegar a um conhecido ameniza a sobrecarga de tarefas diárias e minimiza a possibilidade de dissonância social. Deixar de fora o direito de escolher a alternativa: não escolher. Deixar de fora a percepção de que escolher, tomar decisões apresenta a dimensão da exclusão de diversas possiblidades para que apenas uma opção seja eleita, tornando o processo de escolha ainda mais rebuscado, complexo e exigente. Assim, aquilo que nomeamos como o ato de decidir, de escolhar também exclui, elimina. E esta questão preponderantemente fundamental não é tocada, não é analisada, não é pensada. Somos atravessados por inúmeras exclusões e apenas percebemos as poucas inclusões que nossos processos de escolha nos proporcionam. Não será momento de pararmos para refletir sobre a quantidade e a qualidade de alternativas que estamos deixando de fora de nossos processos de escolha? Por que devemos apenas olhar para aquilo que, em detrimento de uma diversidade de possiblidades, incluimos de modo tão restritivo a nossas tomadas de decisão, por vezes tão influenciada? Luciana Pucci Santos

segunda-feira, 28 de março de 2011

Não há experiência livre e selvagem

Vejo que se tem falado bastante sobre escolhas, fiquei pensando durante a aula de social I hoje e assim, falando em escolhas, pensei que nós temos uma vida atravessada por tantas possibilidades. E uma frase me veio a mente, "a vida é feita de escolhas", tenho uma ligeira impressão que essa frase permeia a mídia. Não sei em qual comercial, mas já escutei isso na TV (grande dispositivo de produção de subjetividade este). Se alguém lembrar qual comercial? Pensei em comerciais que pregam por uma falsa liberdade, entre eles Nextel (o discurso do Fábio Assunção então nem se fala, dêem uma olhada no Youtube e venha para o clube!!), Johnnie Walker com o maratonista Haile Gebrselaisse (keep walking, essa é sua liberdade). Não tem um apelo de liberdade, das escolhas estarem em suas mãos? Porém prega-se nesses discursos uma falsa liberdade de escolha. Por que a liberdade é falsa? Porque somos atravessados por tantas pessoas, situações, histórias pessoais e familiares, pela sociedade. Desta forma, nossas escolhas não poderiam ser tão livres assim. Notemos como a mídia nos bombardeia por padrões de consumo e de sermos consumidos. A vida é feita de escolhas, mas essas escolhas já nos são dadas de antemão. Ninguém está aonde está, por uma liberdade selvagem. A sociedade regula nossas escolhas, não podemos tudo quanto queremos. Isso pode trazer angústias já que nunca sabemos aonde nossas escolhas podem levar. Como diz Deleuze: "não há experiência livre e selvagem", nosso ver e falar prendem-se inextricavelmente as relações de poder que supõem e atualizam a visão e a fala. Desta forma, escolher é uma tarefa difícil (escolher o que estudar, aonde estudar, com quem namorar, se namorar ou não, o que fazer da vida, ou não fazer). Nunca fazemos nossas escolhas livremente, há sempre algo por trás que gera expectativas futuras (uma bem sucedida carreira, dinheiro, fama). Mais difícil ainda se tornam as escolhas quando impomos a elas sempre um algo mais. Mas o que poderíamos fazer se não há experiência selvagem? Melhor seria entender que a qualquer momento podemos fazer novas escolhas e descartar as antigas, tentar começar tudo de novo, sem medo, sem se preocupar com o tempo que já passou, mas que não foi perdido (nunca há tempo perdido, só tempo vivido). Assim, devemos aceitar sempre que podemos mudar o rumo de nossas vidas independente das escolhas não tão livres que fazemos.

Bruno Fontes.

Escolhas

As Escolhas
Composição : Lulu Santos

É preferivel nada dizer
Do que depois ter de se arrepender
Da mais coragem p'ra se viver
Quando não há mais nada a perder

Todos os dias se vê
Um motivo p'ra entristecer
Gente a quem se nega o valôr
Ou um sonho que ñ vingou

Cada história nos diz
Algo sobre quem a contou
Não há um destino a cumprir
Todo escolha diz quem eu sou.

Estava ouvindo essa música hoje no rádio e no momento em que anunciaram o nome da música, me lembrei na mesma hora da nossa aula. A terceira estrofe dessa música, diz muito sobre o nosso grande questionamento a cerca das nossas decisões e do processo de escolhas. As escolhas estão presentes, como a Aymara ressaltou bem, desde das mais simples situações, até as mais complexas; diante disso chegamos a conclusão de que tudo em nossa vida parte de um processo de escolha, e que cada escolha que tomamos diz um pouco a respeito de nós, e nos constitui como sujeito. Somos uma união de atravessamentos, e os mesmos acontecem a todo instante. E a sombra do arrependimento estará sempre presente, pois quando escolhemos algo, temos sempre duas possibilidades a de dar certo ou dar errado, mas de uma coisa temos certeza, independente do desenrolar de nossas escolhas, elas sempre nos constituirão como sujeitos de alguma maneira, que em muitos casos não é aquela que estávamos esperando, mas aquela que fez sentido na devida situação.

(Paula Maynarde)

domingo, 27 de março de 2011



Descentralizando um pouco do tema dúvidas/escolhas acadêmica nossas de todos os dias. Afinal, das mais simples as mais complexas, em todos os momentos de nossas vidas elas estarão alí atravessando-nos de diversas formas. Cabe a nós analisar nossa postura frente a elas... fugir ou ficar? Como diz o ditado popular, o "bicho" continuará sempre lá.
Duas tirinhas para alegrar o domingo, espero que gostem.

Aymara

sábado, 26 de março de 2011

Texto para terça-feira

Oi pessoal!
Passando para dar um breve recado sobre o texto de terça-feira, "Subjetividade e História": na quinta-feira fui dar uma conferida na pasta e notei que faltava apenas uma pequena parte desse texto. Então na sexta de manhã, voltei e deixei a parte que faltava junto com o resto. Aviso por aqui de antemão para dar tempo de vocês pegarem, são apenas 5 páginas da primeira parte 1.Subjetividade: superestrutura-ideologia-representação x produção.

Abraços,
Livia.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Histórias a se desenrolar

Enfim, um grupo. Formado por coisas esquisitas e muito particulares.
Dá até para contar uma história, não é mesmo Ana Marcela?!
Que viagem boa...
Viagem no sentido literal - de fato, estávamos num ônibus,voltando para casa -, e a viagem que fizemos, embaralhando as nossas idéias.
Que venham os próximos encontros, para que novas histórias possamos criar.
(Maria Luiza)

terça-feira, 22 de março de 2011

Metamorfose

Hoje acordei devorador, um Aspirador de Pó.
Suguei tudo o que pude, não poderia ficar só.

Cresci as pernas, o tronco, os braços, me espreguicei e em uma Árvore me transformei.

Fui escovar os dentes, lavar o rosto, olhei no espelho e espantei! Em um lindo formato rosado, voluptuoso e sensual eu me tornei. Eu era uma Boca. Mas não qualquer uma, eu era a Minha boca. Não me incomodei. Gosto dela e neste dia, aliás, veio a calhar, já que estava sentindo que uma espinha em meu rosto ia nascer para raiar.

Ser uma Boca dá fome. Fui direto pra cozinha e liguei meu rádio sem nome. A pilha estava fraca, a música distante, mas deu pra ouvir que era eu ali cantando, a própria Janis Joplin estonteante.

Foi uma delícia ouvir minha voz, transgredir a mente, usar boca de sino e ser o final da Década de 60 novamente. Me agrada ser esta época. Poder rir, chorar, fumar um baseado e ninguém para me controlar.

Seriedade pra quê? Deixa pra lá!

Eu gosto mesmo é de me divertir, meio Mania de Infantilidade, meio mania de vontade.

A música acabou, o tempo passou e a água esquentou. Olhei pra panela e alguém me cozinhou. Eu era um Strogonoff. Desses no ponto, sem mais nem menos para estragar, sem mais nem menos para me azedar.

Quando acabei, em um Cachorro me transformei. Branquinho, fofinho, educado e dedicado. Eu sabia latir, sentir e até rir. Ria demais! Parecia o Mutley e minha risada não acabava jamais.

Para me segurar, em um Professor do IP eu encarnei. Pensei no crime, no poder, na desconstrução e em algum lugar cheguei. Fui parar na Europa. Quis ser caliente e a Espanha eu mapeei. Quis ser romântica e pela Itália eu tropecei. E para voltar? Em um Tênis me transfigurei!

Andei por terra, céu e mar e ninguém para me encontrar - “Meu nome é Zodíaco e eu vim aqui para matar!”

Não quis ser malvado. Mas quem disse que a morte tem a ver com um culpado?

Eu quero ser forte, estruturado, ser a religião Budista me bastaria um bocado.

Não quero chamar atenção, ser um Brinco diamante. Quero ser amado e regado, como uma Grama abundante.

Agora eu estou cansado e em uma poltrona eu vou sentar. Passo os dias lendo, escrevendo e não me canso de perguntar. Mando um “Beijo do Gordo” e um “Boa noite pra você”. Este sou eu, o Jô Soares da tevê.

Mas minha hora está chegando, tenho que ir, me deitar. Começo a sonhar e em Freud me transformar.

Penso nos dias, nas horas, no que eu fui e no que serei.
Penso no amado e no odiado, mas quer mesmo saber?
Eu não choro pelo leite derramado!
(Juliana Lara)
Estava eu, saindo dessa aula/grupo, quando encontro Malu (Maria Luisa) e começamos a conversar amenidades (aquele tipo de conversinha de ônibus) até que nos deparamos com uma pergunta sem grandes ambições: “e ai, o que achou da aula?” Pronto! Dispositivo certo para uma conversa muito interessante.
Falei com ela que anotei o que a galera respondeu durante o grupo e que queria fazer um texto com isso. Começamos a viajar na proposta. Falei que precisava de um início e que não queria que ninguém fosse a personagem principal... daí ela lembrou-me que somos todos atravessados uns pelos outros e pela aula e ... “Eureka!” Atravessamentos! Conceito interessante que quando vira apenas uma palavra lembra atravessar, que lembra faixa de pedestres, que lembra rua! Bom, comecemos então pela rua.
Imaginem uma rua qualquer onde coisas, no mínimo inusitadas, estão atravessando imbuídas de suas questões. São elas: um aspirador de pó, procurando qual é o pó novo que precisa para aspirar; uma rock star muito criativa, cheia de projetos pra colocar em prática; uma embaúba, acompanhada de suas formigas (ambas essenciais para a existência uma da outra); um tênis, prático e maleável para caminhar por onde quer que for; uma professora, com seus pensamentos foucaultianos; a década de 60, com seu jeito novo e hippie de ser; Freud, com seu cachimbo, relembrando seu último sonho; um poodle saltitante e carinhoso, o Jô Soares, com sua ironia e seus conhecimentos diversificados; o Budismo, com sua concretude e objetividade; o bom e velho brinco, simples e para todas as horas; a Espanha, com sua dança, idioma e cultura a serem desvendados; O Máscara, verde e rodando, pronto para desativar mais uma bomba; o Zodíaco, trabalhando na elaboração de mais uma carta enigmática; uma grama, munida de sua plaquinha “não pise”; o Mutley, com sua risada irônica, de longe, obedecendo o Dick Vigarista; uma boca vermelha, falado e dando beijos, uma “mania de infantilizar”, mostrando toda a seriedade que o infantil pode traduzir; um dito popular, sem arrependimentos; a Itália, com todo seu romantismo e comidas saborosas; o comum strogonoff, que precisa ser bem elaborado pra existir; um celular Nókia, sem toda aquela tecnologia descartável e, que por ser simples, não deixa na mão...
Todos atravessando a rua... E para onde vão? Quais caminhos irão escolher? Cenas do próximo capítulo...
O importante é que todos estão atravessando e porque não dizer, sendo atravessados!

Ana Marcela Terra

segunda-feira, 21 de março de 2011

Conversas de Praia

Esse fds na praia estava papeando com uma amiga (também do IP) sobre a disciplina análise do vocacional...Falávamos sobre como é complicado para um adolescente ter que escolher que carreira seguir e o peso que muitas vezes uma escolha profissional carrega, como se uma escolha nesse momento da vida tivesse que ser uma decisão para sempre. Depois mudamos de assunto, ou achávamos que tínhamos mudado, e começamos a nos perguntar o que faríamos após concluir a graduação: Que linha teórica vamos seguir? Onde vamos trabalhar? Vamos seguir no mestrado? Vamos fazer uma especialização? Fazer concurso?Será que isso vai dar dinheiro?! Quando notamos, o assunto já tinha voltado para a questão das escolhas....Escolher que curso prestar vestibular já é algo complicado e às vezes parece que será a única grande decisao da nossa vida profissional. Agora, no oitavo período, confesso estar sentindo uma sensação parecida com a que senti no 3⁰ ano do colégio. Imagino que as pessoas dos outros cursos também sintam esse leve desespero. Só que no caso da Psicologia, escolher parece ser um imperativo: é preciso escolher qual linha teórica seguir. É como se uma escolha teórica invalidasse completamente a outra.
Para mim, que já é difícil escolher se quero doce ou salgado, me deparo agora com essa questão do que fazer com a minha psicologia daqui a pouco. É certo que as escolhas já começaram a se delinear através de estágios que já fiz, autores já lidos, professores que conheci, e muitos outros atravessamentos na minha vida....Mas escolher....esse verbo tem um certo peso...
Natália Ferreira

quarta-feira, 16 de março de 2011

Agora, as minhas saudações!

Olá olá!

Sejam todos muito bem-vindos a esse espaço público de troca e construção! Espero que aproveitem ao máximo essa ferramenta poderosa de nossos tempos... Que esse seja o lugar também para o debate, a leitura, o compartilhar e o sensibilizar... Que façam daqui o escritório de suas mentes e corações inquietos!

E aproveitando a visibilidade, segue meu endereço de email, caso precisem de alguma coisa:
liviafvalle@yahoo.com.br

Então até terça!!
Beijos,
Livia (monitora)

Sejam bem-vindos

Alô turma de 2011
Sejam bem-vindos em nossa disciplina, ao nosso blog... e obrigado por terem aceito o convite de partilharem conosco algumas problematizações que envolvem o conceito de sujeito e de escolhas, atravessados pela tecnologia contemporânea do biopoder, tendo o grupo como um potente dispositivo e vocês como atores fundamentais desse processo.
grande beijo em cada um e...
... até terça!

Prof. Pedro Paulo.