segunda-feira, 23 de maio de 2011

Crise nas escolas?

Nestes últimos dias, alguns pensamentos tem me atravessado de maneira muito forte. Depois da aula passada, em que falamos que precisamos de uma crise para colocar em análise as instituições, eu recebi um e-mail para assinar uma petição para que não fechem o Insituto Benjamin Constant (para cegos) e o Insituto Nacional de Educação para Surdos; então pensei, temos a crise!
A idéia é que agora o Brasil é comprometido a ter escolas inclusivas. Que ótimo! Eu queria muito que isso fosse verdade. No entanto, eu acho que as escolas brasileiras não estão preparadas para receber estes alunos, ainda mais estes, que já estão acostumados com a escola especial. As escolas não estão preparadas fisicamente, os professores não estão preparados.
Ainda que as escolas brasileiras estivessem preparadas para receber estes alunos, e realmente incluí-los (não apenas "anexá-los"), ainda assim as crianças e seus pais não poderiam escolher ficar na escola especial?
As crianças do Benjamin estão bem. Alguém perguntou pra elas se elas querem ser "incluidas" na escola regular? Isso é uma questão para elas? Elas se sentem excluídas?
Não sei.
Uma amiga minha faz estágio no IBC, e disse que os pais estão apavorados, com medo de que seus filhos parem de estudar; as crianças estão desesperadas dizendo que não querem ir para a escola regular.
Um outro amigo meu disse que essa história de " as escolas e professores não estarem preparados" é só uma maneira de empurrar com a barriga, agora as coisas vão ser feitas. Será?
De qualquer forma acho que já começou errado, simplesmente querendo fechar as escolas especiais.
Enfim, sei que é um assunto pra muita pauta! Mas eu fecho meu pensamento com a primeira frase do livro que temos que ler para a disciplina:
"Talvez o maior de todos os desafios para nós, humanos, seja o de desnaturalizar o mundo que nos cerca"
e faço um link dessa frase com um vídeo curtinho, é a propaganda de empresa de energia elétrica francesa, mas seria como se nós tivessemos as dificuldades que os deficientes encontram no nosso dia-a-dia.
www.youtube.com/watch?v=X-905MT2Cl4


Kim

Um comentário:

  1. Por que será que para tornarmos as escolas brasileiras mais inclusivas (em relação aos cegos e surdos) temos que fechar as instituições especializadas que (talvez por impressão minha?) vem agradando ao público e são inesgotáveis fontes de pesquisa (principalmente para nós, do Instituto de Psicologia da UFRJ, que atuamos em peso nos projetos de pesquisa-extensão realizados no IBC)? (Qual será a opinião da Kastrup em relação a isso?)
    Nesse caso, será que é necessária a polarização: escolas tradicionais mais inclusivas VS escolas especializadas? Será que encerrar os serviços no INES e no IBC fará com que as escolas regulares se tornem mais inclusivas, ou só estaríamos estimulando uma maior exclusão dos surdos e cegos, que agora não teriam mais escolha em relação ao acesso a educação?
    Tenho a impressão de que essa medida é mais uma daquelas “políticas para inglês ver”, pois, se fosse de outra maneira, por que não investir nos dois projetos de educação: Instituições especializadas na educação de cegos e surdos e escolas tradicionais mais inclusivas?
    Se as escolas públicas brasileiras, de maneira geral, conseguem promover de maneira pífia a inclusão social de alunos que vêem e escutam, por que achar que, de repente, estariam prontas para receberem cegos e surdos? Apesar de talvez não ideais, vejo com bons olhos os serviços prestados pelo IBC à educação pública, afinal, é importante tanto para os alunos que desfrutam dos serviços oferecidos quanto para os pesquisadores provindos do ensino superior, para os quais o IBC é um múltiplo campo de pesquisa. Sou a favor de pensarmos a respeito da acessibilidade, mas acredito que isso pode ser feito sem implicar no fechamento das “escolas especiais”, não? Aliás, isso pode ser feito em parceria com o INES e o IBC, que atualmente se configuram como interessantes campos para projetos de pesquisa voltados à acessibilidade cultural.
    Para reverberar, lanço uma questão meio ofuscada no meio de toda essa querela:
    Por que será que o IBC e o INES passaram a ser dispositivos de controle, produtores e “higienizadores” de subjetividades, desinteressantes para uma parcela da sociedade brasileira na conjuntura atual? Por que seria interessante fechá-los?
    João.

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