terça-feira, 17 de maio de 2011

Aprendendo a lidar com o encontro da Clínica com a Política

Retornando ao nosso último encontro quando debatemos o momento que a clínica se encontra com a política, ou melhor como a clínica é o tempo todo permeada pelas ações políticas.Eu faço um trabalho de cartografia em uma ONG, com um grupo de estudantes de pré-vestibular em uma comunidade carente, do Rio das Pedras,e essa demanda chegou até nós, para que pudéssemos trabalhar o motivo da evasão dos alunos do curso pré-vestibular, e a partir disto resolvemos por realizar um trabalho cartográfico com a abordagem da análise institucional. Bom, após essa aula comecei a pensar como era feito este meu trabalho na ONG, como a minha "clínica" (cartografia) estava sendo atravessada constantemente pela política (ONG),como a instituição estava engendrada ao meu trabalho, pois a demanda veio a partir da instituição e por mais que quiséssemos realizar um trabalho sem questões pré-estabelecidas, essas questões já nos estavam dadas. E isto começou a me causar um incomodo muito grande, pois nos encontros que realizo com os alunos, não levo questões prontas, demandas pensadas por mim, pelo contrário eu espero que surja a partir dos alunos as questões que realmente são importantes para eles e essas sim , deverão ser questões importantes para serem trabalhadas no campo. Mas ao mesmo tempo que realizo esses trabalhos com os alunos, tenho o compromisso com a instituição de buscar os motivos pelo qual ocorre a evasão, porque essa questão é a que atravessa a instituição de forma mais enfática, mas que para mim não é a principal questão dos alunos. Esse encontro "forçado" da clínica com a política,entendendo política de um modo geral como discutimos no grupo, aquilo que preza pelo "bem maior", como a Marcela falou, muitas vezes nos imobiliza, pois somos cobrados a mostrar resultados finais quando em muitas situações esses resultados não a aparecem ou não nos é importante, pois o decorrer dos acontecimentos e os atravessamentos que ocorrem nesses momentos são mais produtivos que a objetivação de resultados finais.


Enfim, esses pensamentos tem borbulhado em minha mente durante esses dias, pois em certos momentos me sinto "pressionada" por saber que devo dar um resultado final sobre a evasão para ONG, mas ao mesmo tempo vou realizando os meus encontros um de cada vez sem pensar nessa finalização obrigatória, e faço daquele grupo que também faço parte um dispositivo único para o surgimentos de diversas questões que fazem tanto sentido para aqueles alunos, que passam também a fazer sentido para mim. E dessa forma vou "trabalhando" a questão da permanência desses alunos no pré-vestibular através de dispositivos que possam me permitir a imersão ou não da problemática da evasão.

Paula Maynarde

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