quarta-feira, 1 de junho de 2011

conservação a qualquer custo??

O tema da AV me veio esses dias em uma situação engraçada. Minha mãe estava viajando esses dias, peguei meu dinheiro e fui fazer uma tatuagem. Não fiz naquele momento exatamente porque ela estava fora e eu "aproveitei", foi mais para não ter ninguém enchendo meu saco dos dias de cicatrização. Enfim, eis que ela chega e eu revelo a dita-cuja, colorida e linda bem no meio das costas... ela, é claro, começou a gritar: DÉBORA, VOCÊ SE MUTILOU!!! Como você faz uma coisa dessas!!! Diminuiu suas oportunidades de emprego!!!
Nesse ponto eu perguntei a ela: mas me diz, que emprego que vai me fazer tirar a roupa para provar que eu não tenho tatuagem ou coisa assim?
E ela disse: As forças armadas! Olha só, um CONCURSO PÚBLICO que você não pode mais fazer por uma burrice dessas!!!
...eu respondi: Mãe, já parou para pensar que talvez eu não queira trabalhar pras forças armadas??!!

Engraçado o esforço niilista pela conservação que vem como primeiro "impulso" frente a uma situação de risco. Esse elemento "concurso público" parece ter sido fisgado meio do nada, da gama de planos B que ficam boiando na mente dos nossos pais (e muitas vezes nas nossas) a fim de garantir a sobrevivência do filho (ou nossa) a qualquer custo.

Tudo bem, talvez fosse interessante ser psicóloga de uma instituição peculiar dessas, mas me submeter ao regime militar?? Acho que prefiro minha tattoo! Outras coisas são tão interessantes quanto. E quem disse que concurso público por si só é algo que irá me satisfazer? Só porque implica estabilidade financeira? Talvez eu prefire me mudar para um trailer e fazer psicologia pelo mundo afora, vivendo pela troca, os pacientes pagando o que puderem por aquela sessão dentro do trailer ou nas praças do mundo. Isso me parece muito mais instigante e vivo do que saber que meu pagamento está hibernando lá na minha conta corrente para sempre.

Talvez essa imagem pareça um sonho distante e juvenil, mas se investido tempo, dinheiro e paixão nisso, quem sabe não dá certo? Pode ser uma escolha da escolha, alternativa à psicologia sedentária que conhecemos (tanto clínica quanto institucional). O importante é tentar, certo? Ou melhor: o que importa é afirmar a vida. E se começa definindo o que é vida para nós...


Debora Navarro

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