quinta-feira, 9 de junho de 2011

Educação, Profissão e Confusão

Na última aula, comentei sobre o vídeo de uma palestra com um profissional britânico da área de educação, que fala sobre como o sistema de ensino das escolas não investe na criatividade dos alunos, deixando as artes em último lugar na hierarquia das matérias mais relevantes. Eu gostei muito da palestra e acho super interessante para quem quiser refletir mais sobre o assunto. O link segue abaixo, mas eu não consegui achar o vídeo legendado, mas quem quiser ver em inglês ou procurar melhor depois, aí vai:

http://www.youtube.com/watch?v=iG9CE55wbtY

Eu gostaria de comentar uma história que ele conta na palestra sobre Gillian Lynne, dançarina, coreógrafa que ficou famosa por ter feito os espetáculos Cats e o Fantasma da Ópera, entre outros. Ele conta que ela era muito agitada na escola, o que afetava seu rendimento escolar. Uma professora orientou a mãe a procurar um especialista, pois ela apresentava um distúrbio de aprendizagem (provavelmente TDAH, mas ainda não existia esta classificação na época). E a mãe levou. O médico ouviu a mãe, pediu para falar com ela em particular e, ao deixar sua sala, ligou o rádio, deixando Gillian sozinha ouvindo música. Ao sair, o médico pede que a mãe observe a filha, que já estava em pé dançando ao som da música. Então ele diz: "Sua filha não está doente, ela é uma dançarina. Leve-a à uma escola de dança." E a mãe levou. Gillian relata que na escola de dança as pessoas eram que nem ela: precisavam se mexer para pensar. Outro médico poderia ter dado uma medicação e ter falado para ela ficar quieta.

Essa história retrata também como a intervenção profissional não pode estar totalmente contaminada com crenças e opiniões do senso comum, sem levar em conta a individualidade. A sensibilidade que este médico teve foi determinante na vida dela. Hoje em dia em que TDAH está "na moda", poderia ter sido muito diferente.

Rafaela Cruz

Um comentário:

  1. Muito interessante essa história e a capacidade do médico de ter um olhar um pouco mais cuidadoso para com a criança.
    Entretanto, não acredito que seja devido a uma "contaminação parcial" do senso comum, pelo contrário. As especificidades, as milhares de doenças são colocadas pelas "ciências". É o olhar do cientista que "perde" a capacidade de enxegar além do que está ali, que se despersonaliza, olha somente os sintomas.
    É claro que o senso comum pode disseminar tais idéias ou não,e portanto tem sua parcela nessa questão.

    Imira

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