terça-feira, 26 de abril de 2011

reflexões pós grupo

Gente, hj falamos um pouco sobre o que fazer quando alguém que atendemos nos diz coisas "absurdas"... coisas que vão de encontro ao que acreditamos, pensamos, vivemos.
Entendo que não somos neutros e que devemos lidar com esse fato. E só se aprende a lidar com isso na prática, não tem jeito! Acho que ainda vamos levar muita porrada até aprender (desculpem o termo!).
Creio que um passo importante e inicial nesse caminho desafiador - de tentar entrar no mundo do outro/a e entender com ele/a como faz pra desatar os nós da vida - é a gente entender qual é o lugar que ocupamos no mundo.
Acredito que se entendendo melhor (dos gostos, desejos, sabores, classes...) a gente consegue saber até onde podemos ir no relacionamento com o outro/a que nos pede essa "ajuda" ingrata que a Psicologia demanda.
Lembrei desse vídeo-clip engraçado, mas que mostra muito da realidade em que a maioria de nós vive e do lugar de onde muitas vezes falamos!

http://www.youtube.com/watch?v=d8O0Zk5N-e8 (não consigo inserir o vídeo aqui! se alguém conseguir coloca aqui por favor!)

Divirtam-se, refletindo!

(Ana Marcela Terra)

Analise do Vocacional

Para Bartali e Bicalho, a análise do Vocacional incide sobre o território das valorações do indivíduo na sua interface com o mundo do trabalho. A profissão em seu caráter mais abangente - a profissão-estigma ou a identidade de uma prodissão -, encontra-se em um registro duro, inflexível e enrijecido da vida. Em seu domínio co-habitam códigos sociais rígidos, referentes a agenciamentos judiciários, conjugais, familiares, etc, que fortalecem a destituição do Estado-Providência pelo Estado-Penal, requerente de uma sociedade tão perversamente desigual produtora de uma cidadania diferenciada, de acordo com a posição de classe de cada brasileiro.
Neste quadro se encontra uma política social que abandonou progressivamente a meta de reformar a sociedade e, em lugar disso, se preocupa em supervisionar a vida dos pobres. A forma de ação destas políticas, na verdade paternalistas, é a de sustentar os pobres ao mesmo tempo em que exigem que eles funcionem, oferecendo mais esperança de melhorar a pobreza do que fazer mais - ou menos - em favor dos pobres. A melhor reposta à pobreza não é subvencionar as pessoas ou abandoná-las: é dirigir sua vida... (Wacquant.
Neste sentido, o Estado deveria fazer respeitar diretamente os comportamentos essenciais à ordem pública através da repressão as violações da lei, convocando os que estão prestando serviço militar e assim por diante.
Entretanto, a fim de reafirmar a influência moral da sociedade, a criminalização dos pobres, principalmente dos jovens torna-se prática convencionada. Deste modo, estes passam a maus pobres, por serem dotados de passividade pela educação disciplinar do trabalho são submetidos a remodelagem autoritária de seu estilo de vida disfuncinoal e dissoluto, não lhes cabendo qualquer tipo de escolha.
Neste sentido a atuação da análise do vocacional tomada pelo seu caráter libertário pode imputar o exercício da escolha mesmo quando este verbo não está disponível.

Luciana Pucci Santos

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um incômodo

Refletir sobre a "escolha da escolha" é algo que muito me incomoda. Não entendam incomodar no seu sentido negativo, de algo que não quero perto, mas sim em um sentido muito próximo ao de Piaget, algo que provoca um desconforto e que posteriormente propiciará momentos de assimilação e acomodação. Esse incômodo é tal que apenas hoje (quase duas semanas depois da aula que discutimos o tema) é que consigo "organizar" as idéias em forma de texto.

Fazer a "escolha da escolha" é, para mim, uma atitude que demanda a todo tempo uma reavaliação por parte da pessoa que a fez. Sei que em aula colocamos que fazer a escolha da escolha pode ser, até mesmo, escolher ser "igual a todo mundo", "entrar no padrão". Até aí, tudo bem(?). O grande problema é quando a escolha se dá no fluxo contrário.

Eu acredito que seja muito mais difícil porque é mais complicado fugir da norma e manter-se fora dela por muito tempo. Isso porque a rapidez que domina nossa sociedade, cria e recria a todo momento novos rótulos, novas maneiras de ser.Como na letra dos Titãs, qualquer banda pode se tornar "a melhor banda de todos os tempos da última semana", qualquer livro, o melhor e qualquer artista, um ícone a ser seguido. E se, uma dessas pessoas passa a se vestir/ comportar ou falar sobre coisas que você já fazia há muito tempo, isso rapidamente vira uma moda, e você que era o "estranho", o desviante, passa a ser o normal.

Em aula, entramos num "acordo" de que a "escolha da escolha" se caracteriza pelo reconhecimento de critérios. Mas quando essa situação acima acontece, o que fazer? Os nossos critérios estabelecidos apenas para nós mesmos continuam valendo? Sei que posso estar dando valor demais ao que os outros pensam, mas ser uma hippie por opção, porque desfruta dos valores preconizados pelo movimento continua sendo igual quando a nova moda é se vestir desse jeito? A opção de ir contra o sistema continua intacta ou o fato de milhares de outras pessoas estarem iguais a você sem pensar na filosofia que o levou a decidir isso altera alguma coisa?

Em alguns momentos, já passei por essas situações. Não vestia rosa nem saia porque acreditava que assim mostraria que menina não precisa usar essas coisas. Vestia preto e aí, todo mundo passou a vestir. Passei a usar roupas hippies e não gostar de nada que viesse dos EUA. Era assim que eu mostrava como pensava sem nem precisar abrir a boca. E aí, os saiões viraram hit devido a uma novela. Adorava usar all-star e me negava a usar qualquer tipo de melissa. E ai, a Nike comprou o All-Star e ele agora tem salto... O que fazer? Continuar seguindo?

Em alguns momentos, parei de fazer. Não queria estar na moda, não queria compartilhar a maneira de me vestir, se minha maneira de pensar era diferente. Teria sido essa a melhor escolha?

Agora, estabeleci que meus critérios devem ser outros. E muitos. Mas nunca tenho certeza se são os apropriados. Não tenho certeza se o que eu fazia antes (embora ainda presente de certa forma nos critérios de hoje)era mais apropriado. E aí os questionamentos sobre a necessidade de certeza, de existência de caminho certo a seguir, e de outras dúvidas mais sobre o que/como escolher me atravessam e me incomodam e constituem assim as minhas atitudes/pensamentos/comportamentos/escolhas angustiante e incessantemente...

Imira Fonseca

terça-feira, 19 de abril de 2011

dos rumos e devaneios


"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar"
(Eduardo Galeano)


Há umas semanas nosso grupo me fez lembrar desse trecho de Galeano (não se assustem se eu citá-lo muito por aqui, sou meio viciada!)
Foi o dia do papelzinho que dizia qual era a maior dificuldade em se fazer uma escolha.
Lembro que entramos numa discussão sobre objetivos, critérios de escolha, o que se fazer quando não temos escolha...
Me deparei com uma certa objetividade materialista que me assola. Escolho uma coisa porque tenho tal objetivo. Acho que esse é meu principal critério... o fim, onde quero chegar.
Fiquei um pouco angustiada quando me deparei com mais esse pouquinho do que eu sou. Mas depois de ir mais fundo lembrei que tenho muitos objetivos, e eles mudam e, e, e... no fim, eu quero mesmo é caminhar, é não ficar parada! Gosto de ter um caminho a trilhar e isso não é necessariamente ruim. Acho que continuo vivendo intensamente!
Galeano, como de costume, traduziu pra mim!

Pra terminar, mas uma do mesmo autor pra gente refletir no feriado:

"Dos medos nascem as coragens; e das dúvidas, as certezas. Os sonhos anunciam outra realidade possível e os delírios, outra razão.
Somos, enfim, o que fazemos para transformar o que somos."


(Ana Marcela Terra)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Tudo depende de mim

Para refletir...


"Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio
marque meia-noite.
É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.
Posso reclamar porque está chovendo... ou agradecer às águas por
lavarem a poluição.

Posso ficar triste por não ter dinheiro... ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício.

Posso reclamar sobre minha saúde... ou dar graças por estar vivo.

Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria.... ou posso ser grato por ter nascido.
Posso reclamar por ter que ir trabalhar.... ou agradecer por ter trabalho.

Posso sentir tédio com as tarefas da casa... ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.
Posso lamentar decepções com amigos... ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades.

Se as coisas não saíram como planejei, posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser.

E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.

Tudo depende só de mim."

Charles Chaplin.


(Lilian Calil)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

terça-feira, 12 de abril de 2011

Um grupo em formação...

Sobre a aula de hoje, fiquei pensando no grupo que estamos formando. Desde a segunda aula, com o dispositivo que foi utilizado para apresentação, percebi que de fato essa turma não seria uma “turma regular” como as demais disciplinas que fazemos no IP. Na primeira aula já foi anunciado que a proposta seria construir um grupo. Mas acho que só hoje comecei a entender melhor essa proposta.
Na segunda aula, já conseguia nos visualizar como um grupo se constituindo através da apresentação de cada um. Cada história contada, através do objeto eleito para apresentação, me atravessou de alguma maneira...
Hoje o que vi foi mais do que um grupo se constituindo, mas um grupo que de fato se apropriou daquele espaço como próprio....Como um espaço, inclusive, para compartilhar as próprias angústias....
Confesso, que quando o grupo de hoje tomou um rumo muito pessoal, fiquei pensando se esse seria um espaço de trazer experiências de ordem tão particular...Mas depois pensei “ por que não trazê-las?” ou melhor “ como não trazê-las?”.
Natália Ferreira

A escolha, os outros e o psicólogo

Na última semana, durante nossa aula duas coisas me chamaram atenção. Começarei pela ultima, que por ter aparecido no final da aula não foi motivo de muita discussão, mas volto nele aqui para não cair no esquecimento. Quando nossas escolhas alteram não só nossa vida mas alteram a vida de inúmeras pessoas, num desencadear de novos rumos que podem fugir às expectativas futuras pensadas por nós num instante inicial. O que a meu ver parece que a cada momento, a cada nova escolha, alteramos significativamente o futuro anteriormente pensado no presente. Sobre este assunto, exemplifique em aula o filme efeito borboleta. Confesso um blockbuster nada original, mas a idéia de teoria do caos da física se mostra presente nele. Óbvio que não podemos mudar o passado e se pudéssemos, que final desejaríamos para nós? Será que mudar nossas escolhas anteriormente feitas mudaria as situações para o futuro que desejávamos? Mas como o filme não traz nada de original. Pensei em outro, um pouco mais alternativo, que tal “Corra Lola Corra”. Acompanhar a atriz Franka Potente num desencadear de escolhas minimalistas num curto período de tempo para salvar seu namorado no final, pode não ser o tema mais original também. Mas o barato do filme é ver os detalhes que a mudança de certas escolhas nossas podem desencadear numa simples pessoa que cruza em um instante nossa vida. Prestem atenção nas imagens de polaróides ao longo do que parecem cenas repetitivas de um filme corrido do começo ao fim, sem trocadilhos na palavra. Ah! Sim, aviso que o filme é alemão, a língua não é das piores, mas os gritos de Franka irritam. Mas é um bom filme sobre escolher e se pudéssemos mudar nossas escolhas, o que mudaria. Só para refletir mesmo.
O outro ponto que me chamou a atenção foi a questão levantada sobre o papel do psicólogo quando procurado para resolver as escolhas do sujeito. Não tem como negar que nós como psicólogos nos pomos numa relação de poder. Funcionamos como as regras que foram criadas pelas estratégias do poder. Muitos desses indivíduos nos chegam já com suas identidades fixas. Foucault diz que não pode haver uma interioridade substancializada. Esse eu que decide e escolhe é um ser produzido. Não se pode, portanto, falar de um desejo nosso singular, tudo é decidido nas relações. Nós estamos acostumados a pensar com Descartes e tomamos nosso eu como ponto de partida. Nossos desejos não são espontâneos, mas são produzidos. Mas aí vem a pergunta, o que fazer psicólogo? O psicólogo se apresenta como aquele que ínsita o desejo singular do sujeito, possibilitando que haja por parte dele uma resistência, isto é, a criação de um modo inédito de vida. Já que a liberdade é uma prática e não uma propriedade do humano. Esse indivíduo de identidade fixa não possui singularidade, já que ele é produção de poder. Quando falamos num singular dizemos algo anômalo que foge às malhas do poder. Se pôr como incompetente para estar a altura do que a sociedade exige do sujeito, pode gerar um sofrimento ao sujeito. O psicólogo está ali para que haja por parte do sujeito uma resistência ativa, isto é, poder dizer que não quer aquilo que lhe é exigido, e assim, poder se inventar, poder trazer para si a singularidade. Há sempre uma zona obscura que o poder não pode recobrir. É essa zona que funciona como potencial criador, que permite ao sujeito resistir criando. Acho que é essa a função do psicólogo, permitir ao sujeito encontrar sua forma de resistir criando a si próprio diante de suas escolhas.

Bruno Fontes.

Exercer a escolha numa sociedade disciplinar

Num contexto disciplinar, como a sociedade atual, desenvolver escolhas torna-se um processo automatizado. Isto se deve ao fato de que neste modelo social a vigilância, o controle e a correção são práticas de poder disseminadas tanto nas estruturas macrosociais quanto microsociais, chegando até a introjeção microfísica. Além do mais, a vigilância sobre os indivíduos se exerce ao nível não do que se faz, mas do que se é; não do que é feito, mas do que se pode fazer, por meio do controle do tempo e do espaço e de formações discursivas. Assim, produz-se relações de poder como forma de produzir verdades no sujeito. Nas palavras de Foucault (1979, p.113, As verdades e as práticas jurídicas): “é a estrutura de vigilância que, chamando para si os indivíduos, tomando-os individualmente, integrando-os, vai constituí-los secundariamente”. Portanto, o conjunto de enunciados, concomitante ao controle do tempo e do espaço, produzem sentidos que transformam-se na raiz da produção de sujeitos e das práticas sosiciais, não portando uma verdade. Esta está sendo produzidas e produzindo efeitos e práticas sociais.
Neste contexto, escolher torna-se um processo automatizado, já que não se dá de modo livre por não ser possível, ao indivíduo, se desprender da disciplina que o funda e subjaz como eixo de organização do mesmo.
Não conseguiríamos sequer nos imaginar como sujeitos fora da disciplina. Ela toca naquilo que nos é mais caro, nossa corporeidade, o que somos como sujeitos. Não sendo possível pensar a liberdade sem a disciplina. O importante de entender na formação discursiva é o efeito que ela produz: outra verdade, transitória, que carrega os conceitos de dado momento.
Porém, podemos transformar o processo de decidir, num movimento de reconhecimento da subjetivação disciplinante que há em nós, e de posse deste conhecimento, fazer circular o poder disicplinar para que se possa sair de um lugar de passividade para um atividade, em termos de enunciante de formações discursivas e assim, escolher.


Luciana Pucci Santos

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Pensando um pouco sobre arte.

As palavras a seguir têm a intenção de dialogar com o texto do Bruno, “Não há experiência livre e selvagem”. Era um comentário que tomou forma de “post”:

José Eduardo Belmonte (cineasta brasileiro), em entrevista ao Segundo Caderno do jornal “O Globo” sobre seu novo longa metragem, “Billi Pig”, 11/04/2011: “Gosto do nonsense. Daí o porco de borracha que fala. Comédia é bom para anarquizar. Mas eu não sei se anarquizar é a palavra para o que busco nos meus filmes. Prefiro falar em liberdade. Tento manter um espaço de liberdade, de invenção, (...). Um filme tem que ser bom também no processo.”

Ingenuamente posso me inclinar a crer que o processo criativo exprime a mais límpida liberdade do ser (criação=libertação). Como se a criação fosse um objeto em si, impermeabilizado e hermeticamente cerrado em relação aos devires da história – “posso fazer sempre o que eu quiser!” – Neste sentido, o mesmo valeria para a liberdade. Porém, ao tentar digerir esta primeira idéia fico logo engasgado: a criação é a criação do que? A partir e diferente do que? É criação por quê? Etc.

Criação me remete à singularidade e diferença.

A noção de liberdade que gostaria de compartilhar com vocês é a seguinte: liberdade é a sensação de uma possível transformação do dado. Liberdade, por exemplo, é o que o poeta Manoel de Barros exerce em relação à gramática: ele parte dum apriori (a língua portuguesa), mas cria uma singular form’outra de se expressar. Ao exercer esta “liberdade” ele inventa outros possíveis, sugere diferentes caminhos-sujeitos. Mas será que há uma escolha nisso?

Não sei se posso chamar de escolha, mas existe sim, em sua obra, uma postura ativa em relação ao que se apresenta como feito, já produzido. Felizmente, ou infelizmente, a nossa existência se da no âmbito do entre: entre o que está e o que pode vir a ser. Não é só do instituído que me constituo. Existe algo que me sobra e que ao mesmo tempo me falta, um espaço para a criação. Não me refiro a criação do NOVO, afinal, o que é o novo?

A partir de agora gostaria de poder criar: quero chamar esta mínima sensação de potência de escolha. Poder nomear esta ínfima possibilidade de ação do sujeito por liberdade. Quero crer que Manoel escolhe suas palavras-formas e assim se liberta.

Somos produzidos enquanto desejos, mas também produzimos, e não só reproduzimos, quando desejamos. Será que esta recíproca é verdadeira?

Para iluminar, um pouco da arte manoelesca através de fragmentos do “Livro sobre nada” (1996): “(...) Arte não tem pensa:/ O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê./ É preciso transver o mundo./ Isto seja:/ Deus deu a forma. Os artistas desformam./ É preciso desformar o mundo:/ Tirar da natureza as naturalidades./ Fazer cavalo verde, por exemplo. (...)”. Na primeira parte deste mesmo livro, nos deparamos com o seguinte excerto: “A voz de meu avô arfa. Estava com um livro debaixo dos olhos. Vô! o livro está de cabeça para baixo. Estou deslendo.”
(João Pedro)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Livre Arbítrio : video Waking Life

Do filme Waking Life (um dos meus preferidos) eu gostaria de compartilhar um extrato que fala sobre o livre arbítrio e sua encruzilhada: como efetuar escolhas de fato, em um mundo supostamente determinado ou por Deus, ou pelas leis físicas?

É uma discussão interessante, que abre diversas questões perturbadoras para todos nós. Noto curiosa os inúmeros discursos ao longo das épocas que de algum modo nos "confortam", retirando a responsabilidade da mão dos Homens e atribuindo-a a qualquer outra coisa (deuses, natureza humana, personalidade, leis físicas, categorias de pessoas, perfis...). Penso comigo mesma: por que doar nossa existência, nosso bem mais valioso, a algo que não nós mesmos? Este "sistema caótico", como chama o video, somos nós, o "ser", que é tão mágico e intrigante.
Uma vez que nos familiarizamos com este pensamento (após o fatídico "estranhamento", com duração indefinida, por vezes vitalícia), podemos aceitar que nossas escolhas, dentro de uma existência sem manual de intruções, também são caóticas - e não há absolutamente nada de errado com isso. Pelo contrário, embeleza, por mais difícil que seja, o fato de estarmos vivos.

Deixo a deixa para futuras discussões, se alguém se interessar.

(Debora Navarro)


http://www.5min.com/Video/Do-We-Really-Have-Free-Will-351686


Transcrito (em inglês):

In a way, in our contemporary world view, it's easy to think that science has come to take the place of God. But some philosophical problems remain as troubling as ever. Take the problem of free will. This problem has been around for a long time, since before Aristotle in 350 B.C. St. Augustine, St. Thomas Aquinas, these guys all worried about how we can be free if God already knows in advance everything you're gonna do. Nowadays we know that the world operates according to some fundamental physical laws, and these laws govern the behavior of every object in the world. Now, these laws, because they're so trustworthy, they enable incredible technological achievements. But look at yourself. We're just physical systems too, right? We're just complex arrangements of carbon molecules. We're mostly water, and our behavior isn't gonna be an exception to these basic physical laws. So it starts to look like whether its God setting things up in advance and knowing everything you're gonna do or whether it's these basic physical laws governing everything, there's not a lot of room left for freedom.

So now you might be tempted to just ignore the question, ignore the mystery of free will. Say "Oh, well, it's just an historical anecdote. It's sophomoric. It's a question with no answer. Just forget about it." But the question keeps staring you right in the face. You think about individuality for example, who you are. Who you are is mostly a matter of the free choices that you make. Or take responsibility. You can only be held responsible, you can only be found guilty, or you can only be admired or respected for things you did of your own free will. So the question keeps coming back, and we don't really have a solution to it. It starts to look like all our decisions are really just a charade.

Think about how it happens. There's some electrical activity in your brain. Your neurons fire. They send a signal down into your nervous system. It passes along down into your muscle fibers. They twitch. You might, say, reach out your arm. It looks like it's a free action on your part, but every one of those - every part of that process is actually governed by physical law, chemical laws, electrical laws, and so on.

So now it just looks like the big bang set up the initial conditions, and the whole rest of human history, and even before, is really just the playing out of subatomic particles according to these basic fundamental physical laws. We think we're special. We think we have some kind of special dignity, but that now comes under threat. I mean, that's really challenged by this picture.

So you might be saying, "Well, wait a minute. What about quantum mechanics? I know enough contemporary physical theory to know it's not really like that. It's really a probabilistic theory. There's room. It's loose. It's not deterministic." And that's going to enable us to understand free will. But if you look at the details, it's not really going to help because what happens is you have some very small quantum particles, and their behavior is apparently a bit random. They swerve. Their behavior is absurd in the sense that its unpredictable and we can't understand it based on anything that came before. It just does something out of the blue, according to a probabilistic framework. But is that going to help with freedom? I mean, should our freedom be just a matter of probabilities, just some random swerving in a chaotic system? That starts to seem like it's worse. I'd rather be a gear in a big deterministic physical machine than just some random swerving.

So we can't just ignore the problem. We have to find room in our contemporary world view for persons with all that that entails; not just bodies, but persons. And that means trying to solve the problem of freedom, finding room for choice and responsibility, and trying to understand individuality.