terça-feira, 12 de abril de 2011

Um grupo em formação...

Sobre a aula de hoje, fiquei pensando no grupo que estamos formando. Desde a segunda aula, com o dispositivo que foi utilizado para apresentação, percebi que de fato essa turma não seria uma “turma regular” como as demais disciplinas que fazemos no IP. Na primeira aula já foi anunciado que a proposta seria construir um grupo. Mas acho que só hoje comecei a entender melhor essa proposta.
Na segunda aula, já conseguia nos visualizar como um grupo se constituindo através da apresentação de cada um. Cada história contada, através do objeto eleito para apresentação, me atravessou de alguma maneira...
Hoje o que vi foi mais do que um grupo se constituindo, mas um grupo que de fato se apropriou daquele espaço como próprio....Como um espaço, inclusive, para compartilhar as próprias angústias....
Confesso, que quando o grupo de hoje tomou um rumo muito pessoal, fiquei pensando se esse seria um espaço de trazer experiências de ordem tão particular...Mas depois pensei “ por que não trazê-las?” ou melhor “ como não trazê-las?”.
Natália Ferreira

4 comentários:

  1. Interessante que um grupo só se dá como grupo quando as pessoas se libertam das amarras apreensivas dos possíveis julgamentos dos outros e assim, deixam de se transvestir em personas, passando a ser o que a interação com os demais cria. E se a interação cria, ela permite o extravasamento de todo o ser, quer nos seus aspectos mais recondidos, mais punjantes, mas reflexivos, mais expontãneos....

    Luciana Pucci Santos

    ResponderExcluir
  2. Concordo que quando implicados nos deixamos atravessar, e assim algumas angústias acabam tomando forma. Pensando no que aconteceu no nosso último encontro: os “causos” foram desapropriados das mais diversas terceiras pessoas (irmãos, filhos, pais e etc) e se tornaram próprios, nas suas palavras: “(...) um grupo que de fato se apropriou daquele espaço como próprio.”
    Desconfio que atribuir uma experiência a outrem, como muito se fez, é uma forma de trazê-la de forma não tão “pessoal”.
    Agora, por que será que, quando os afetos e as emoções florescem espontaneamente e de forma intensa, como foi na última terça-feira, numa suposta disciplina (a saber, tópicos especiais em psicometria G), produzimos tanto estranhamento e constrangimento? Por que isso gera um incômodo? E, que “agenciamentos coletivos de enunciação” são esses nos permeiam?
    João.

    ResponderExcluir
  3. Acho que a proposta da disciplina de formar um grupo foi extremamente feliz no sentido de trazer ao membro a perspectiva de protagonista do que está em análise. O modelo de aula a que estamos acostumados, desde que entramos pela primeira vez em uma sala de aula, pressupõe um distanciamento nítido entre estudante e estudado. Para a psicologia, não enxergo isso de outro modo que não uma grande perda, haja visto que o estudado é o que constitui o estudante - a psique. Ora, existe jeito melhor de estudar o processo de escolha do que vivenciando-o, relembrando suas repercussões angustiantes e compartilhando-as? Nesse sentido, faço minhas as palavras da Natália sobre as experiências particulares: “como não trazê-las?”
    Confesso que até estranhei a proposta no início do curso, mas entendi que, para que essa proposta se concretize, é preciso sair da “zona de conforto”. Acho que esse processo é que causa, naturalmente, os estranhamentos e constrangimentos que o João citou. Creio que são esperados e até mesmo desejados, pois essa é só mais uma etapa de vivência desse novo modelo. Tenho certeza que no fim do curso veremos o processo de escolha com muito mais naturalidade e familiaridade do que qualquer um que tenha lido um bom livro sobre o assunto, e assim estaremos mais conscientes do papel do psicólogo nessa relação.
    Bernardo

    ResponderExcluir
  4. Ah, se todas as aulas que temos na faculdade fossem assim! Objetos construídos coletivamente, interação intensa através da roda, avaliações pouco convencionais, muitas problematizações, mais um grupo como dispositivo, menos uma disciplina...

    ResponderExcluir