terça-feira, 12 de abril de 2011

Exercer a escolha numa sociedade disciplinar

Num contexto disciplinar, como a sociedade atual, desenvolver escolhas torna-se um processo automatizado. Isto se deve ao fato de que neste modelo social a vigilância, o controle e a correção são práticas de poder disseminadas tanto nas estruturas macrosociais quanto microsociais, chegando até a introjeção microfísica. Além do mais, a vigilância sobre os indivíduos se exerce ao nível não do que se faz, mas do que se é; não do que é feito, mas do que se pode fazer, por meio do controle do tempo e do espaço e de formações discursivas. Assim, produz-se relações de poder como forma de produzir verdades no sujeito. Nas palavras de Foucault (1979, p.113, As verdades e as práticas jurídicas): “é a estrutura de vigilância que, chamando para si os indivíduos, tomando-os individualmente, integrando-os, vai constituí-los secundariamente”. Portanto, o conjunto de enunciados, concomitante ao controle do tempo e do espaço, produzem sentidos que transformam-se na raiz da produção de sujeitos e das práticas sosiciais, não portando uma verdade. Esta está sendo produzidas e produzindo efeitos e práticas sociais.
Neste contexto, escolher torna-se um processo automatizado, já que não se dá de modo livre por não ser possível, ao indivíduo, se desprender da disciplina que o funda e subjaz como eixo de organização do mesmo.
Não conseguiríamos sequer nos imaginar como sujeitos fora da disciplina. Ela toca naquilo que nos é mais caro, nossa corporeidade, o que somos como sujeitos. Não sendo possível pensar a liberdade sem a disciplina. O importante de entender na formação discursiva é o efeito que ela produz: outra verdade, transitória, que carrega os conceitos de dado momento.
Porém, podemos transformar o processo de decidir, num movimento de reconhecimento da subjetivação disciplinante que há em nós, e de posse deste conhecimento, fazer circular o poder disicplinar para que se possa sair de um lugar de passividade para um atividade, em termos de enunciante de formações discursivas e assim, escolher.


Luciana Pucci Santos

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