terça-feira, 29 de junho de 2010

É crucial para nós psicólogos pensarmos em que lugar e de que forma na nossa prática profissional colocamos os testes psicológicos: se o utilizamos para replicar padrões moralistas, que atendem às demandas capitalistas, reducionistas e normatizadoras ou se escolhemos ter um olhar mais contextualizado do sujeito, como sendo construído historicamente, por uma série de atravessamentos de questões políticas e culturais. Qualquer que seja nosso posicionamento entre esses pólos, devemos ter em mente que o compromisso ético está indissociável da ciência, e devemos ficar atentos ao que temos produzido na nossa prática profissional, das ferramentas que temos utilizado, e com que finalidade elas foram criadas e utilizadas na história.

Nathália Ramos Pereira

4 comentários:

  1. O posicionamento ético que tomamos em nosso cotidiano profissional é de suma importância, e entendo que ele seja exatamente isso que foi dito. Colocar em análise as nossas implicações quando escolhemos certos caminhos, condutas, ações, falas, instrumentos em detrimento de outros. Estar sempre se questionando sobre o que estamos produzindo e a serviço de que!

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  2. Um posicionamento ético é fundamental na atuação dos psicólogo, na execução dos instrumentos escolhidos em qualquer prática. Ele presa pelo estabelecimento de uma relação clara e transparente com o paciente, sujeito afetado diretamente.
    O questionamento sobre a utilização dos testes psicológicos sempre se faz presente, pois podem adotar um caráter restrito de enquadre aos padrões moralistas determinados pela sociedade. Mas também podem ser encarados como uma ferramenta enriquecedora quando complementados a uma visão contextualizada do sujeito, "como sendo construído historicamente, por uma série de atravessamentos de questões políticas e culturais". Cabe ao psicólogo definir como fará uso dessa fonte de informações.

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  3. Como disse a Luiza, os testes "podem ser encarados como uma ferramenta enriquecedora (...) cabe ao psicólogo definir como fará uso dessa fonte de informações." Acredito que isso é feito através de um posicionamento ético firme e bem fundamentado, ou seja, alinhado com o caminho profissional que cada um de nós irá escolher dentro de nossa área de conhecimento que é a Psicologia.

    Marcelle Melo

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  4. Pedro Porto Gusmão9 de julho de 2010 às 22:42

    O uso efetivo de qualquer instrumento está muito mais ligado a pessoa por tráz dele do que ele em si. Um bisturi pode ferir, tanto quanto salvar. Um remédio pode alivar a dor, tanto quanto causar envenenamento.

    Nós tocamos sempre na lógica capitalística, mas ela também é uma construção socio-histórica, foram os próprios sujeitos que a construiram ao longo dos anos. E assim como foram os sujeitos que a construiram, são eles que podem refletir sobre ela assim mudá-la.

    Apesar de continuar tendo o mesmo nome, o capitalismo sofreu inúmeras mudanças ao longo de sua história. O fordismo, o taylorismo, os modos de produção vão mudando ao longo do tempo e com certeza impactam no modo que os sujeitos se relacionam com ele. As críticas de Foucault precisaram de um determinado momento para ser criadas, então penso se em um determinado momento elas também não vão deixar de ser válidas. Até mesmo Foucault não está livre de um recorte sócio-histórico, certo?

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