segunda-feira, 28 de março de 2011

Não há experiência livre e selvagem

Vejo que se tem falado bastante sobre escolhas, fiquei pensando durante a aula de social I hoje e assim, falando em escolhas, pensei que nós temos uma vida atravessada por tantas possibilidades. E uma frase me veio a mente, "a vida é feita de escolhas", tenho uma ligeira impressão que essa frase permeia a mídia. Não sei em qual comercial, mas já escutei isso na TV (grande dispositivo de produção de subjetividade este). Se alguém lembrar qual comercial? Pensei em comerciais que pregam por uma falsa liberdade, entre eles Nextel (o discurso do Fábio Assunção então nem se fala, dêem uma olhada no Youtube e venha para o clube!!), Johnnie Walker com o maratonista Haile Gebrselaisse (keep walking, essa é sua liberdade). Não tem um apelo de liberdade, das escolhas estarem em suas mãos? Porém prega-se nesses discursos uma falsa liberdade de escolha. Por que a liberdade é falsa? Porque somos atravessados por tantas pessoas, situações, histórias pessoais e familiares, pela sociedade. Desta forma, nossas escolhas não poderiam ser tão livres assim. Notemos como a mídia nos bombardeia por padrões de consumo e de sermos consumidos. A vida é feita de escolhas, mas essas escolhas já nos são dadas de antemão. Ninguém está aonde está, por uma liberdade selvagem. A sociedade regula nossas escolhas, não podemos tudo quanto queremos. Isso pode trazer angústias já que nunca sabemos aonde nossas escolhas podem levar. Como diz Deleuze: "não há experiência livre e selvagem", nosso ver e falar prendem-se inextricavelmente as relações de poder que supõem e atualizam a visão e a fala. Desta forma, escolher é uma tarefa difícil (escolher o que estudar, aonde estudar, com quem namorar, se namorar ou não, o que fazer da vida, ou não fazer). Nunca fazemos nossas escolhas livremente, há sempre algo por trás que gera expectativas futuras (uma bem sucedida carreira, dinheiro, fama). Mais difícil ainda se tornam as escolhas quando impomos a elas sempre um algo mais. Mas o que poderíamos fazer se não há experiência selvagem? Melhor seria entender que a qualquer momento podemos fazer novas escolhas e descartar as antigas, tentar começar tudo de novo, sem medo, sem se preocupar com o tempo que já passou, mas que não foi perdido (nunca há tempo perdido, só tempo vivido). Assim, devemos aceitar sempre que podemos mudar o rumo de nossas vidas independente das escolhas não tão livres que fazemos.

Bruno Fontes.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Oi Bruno!

    A partir do que você falou das propagandas, eu lembrei de uma, mas é mais pra rir mesmo. Eu acho que ninguém da turma viu porque era a propaganda de um pré-vestibular de Porto Alegre..
    Eram várias propagandas com situações inusitadas em que a pessoa tinha que escolher uma alternativa de resposta para dar frente àquela situação.. aqui tem um vídeo:

    http://www.youtube.com/watch?v=i1jkKdxF16w&feature=related

    "Difícil mesmo é a vida..
    vestibular, a gente dá um jeito!"
    é engraçado.. só pra rir um pouco! :)

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  3. Bruno,
    Hoje em dia muito se fala na crise das instituições modernas e queda dos referenciais tradicionais - como nação, família, a profissão. Mas me pergunto se antes, o indivíduo do passado se sentia pressionado em seguir as normas das tradições, na atualidade, sua autonomia e reflexividade o fariam se sentir coagido pelo quê ou por quem?
    Ser livre para escolher e determinar sua própria vida parece o lema de nossos tempos.

    Kim,
    Achei que a propaganda veio muito a calhar! rs

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