quarta-feira, 30 de março de 2011

Escolhas Infinitas

Colocar em análise a atividade de escolher parece algo simples e objetivo de se fazer. Contudo, analisar o ato de escolher requer profunda poderação, uma vez que as pessoas são todo o tempo impelidas a escolher ente alternativas e se quer consideam que o ato de escolher significa deixar de fora. Deixar de fora as possibilidades que inicialmente não puderam ser pensadas seja por falta de tempo ou pelo automatismo requerido pela sociedade acelerada de hoje. Deixar de fora as opções detalhadas e cruzadas pela indisponibilidade de atenção por conta da multifuncionalidade exigida no cotidiano. Deixar de fora as alternativas enviesadas quando se trata de considerar critérios próprios do indivíduo que os substituem pela plausibilidade das convenções sociais. Deixar de fora a possibilidade de se implicar nas inúmeras escolhas diárias já que delegar a um conhecido ameniza a sobrecarga de tarefas diárias e minimiza a possibilidade de dissonância social. Deixar de fora o direito de escolher a alternativa: não escolher. Deixar de fora a percepção de que escolher, tomar decisões apresenta a dimensão da exclusão de diversas possiblidades para que apenas uma opção seja eleita, tornando o processo de escolha ainda mais rebuscado, complexo e exigente. Assim, aquilo que nomeamos como o ato de decidir, de escolhar também exclui, elimina. E esta questão preponderantemente fundamental não é tocada, não é analisada, não é pensada. Somos atravessados por inúmeras exclusões e apenas percebemos as poucas inclusões que nossos processos de escolha nos proporcionam. Não será momento de pararmos para refletir sobre a quantidade e a qualidade de alternativas que estamos deixando de fora de nossos processos de escolha? Por que devemos apenas olhar para aquilo que, em detrimento de uma diversidade de possiblidades, incluimos de modo tão restritivo a nossas tomadas de decisão, por vezes tão influenciada? Luciana Pucci Santos

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