terça-feira, 13 de abril de 2010

Sim, elas podem ser cruéis - Revista Época ED. 620 de 02/04/2010

Gente,

Para complementar a nossa discussão da aula de hoje, 13/04/2010, segue o link da reportagem da jornalista Martha Medeiros para revista Época ED. 620 de 02/04/2010.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI130697-15228,00-SIM+ELAS+PODEM+SER+CRUEIS.html

Comentem!!!

13 comentários:

  1. Acho sempre muito curiosa a linguagem jornalística "épica", não muito distante das outras linguagens Globais, como as do Fantástico e do Globo Repórter. Essas comunicações, ao colocarem em pauta questões dignas da preocupação de tantas famílias (como por ex., a saúde e o bem-estar dos filhos), cospem explicações de Doutores como se estivessem avisando perigos eminentes, sob forma de alerta-vermelho (ou amarelo, como já diz no quadro anexo "Indícios de Pervesidade Infantil: os atos que deveriam acender a luz amarela").
    O (re)conhecimento privado das questões que surgem a partir das relações são aqui novamente delegadas a um Saber que vos irá dizer que "sim, elas também podem ser cruéis". Reproduz-se aqui algo que nós já podemos observar nos fenômenos "Super Nanny": os pais precisam recorrer a um saber especializado para refletir/entender o que se passa com seus filhos e como lidar com os mesmos. Até aí nada muito contra; só começo a estranhar um pouco quando isso acaba por se tornar para as pessoas a primeira via, o primeiro meio, a primeira tentativa de conhecimento sobre as suas próprias relações. Abdica-se da relação, sendo esta delegada aos olhares qualificados, que resolverão tudo com um diagnóstico.
    Óbviamente que ao dizer "diagnóstico", não estou querendo menosprezar ou reduzir o ato de diagnosticar e a posição do diagnóstico a algo menor do que é. Relativizando essa ideia para fora do nosso campo profissional, todos nós sabemos o que o diagnóstico significa (não falo só na psicologia) e todos nós precisamos dele (não estou falando de psicologia), diariamente. Todos os dias procuramos dignósticos, seja quando queremos nos prevenir de surpresas climáticas, recorrendo à meteorologia, seja quando simplesmente precisamos muito que o namorado dê seu "diagnóstico" pessoal sobre o seu novo corte de cabelo. Isso foi uma relativação, só para ilustrar o quanto um olhar [clínico?] alheio pode se tornar de relevância tão grande e como isso é cotidiano. E todas essas revistas parecem saber disso e usar disso- o quanto precisamos de diagnósticos, ou pelo menos da sua possibilidade, todos os dias.

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  2. A revista em questão, ao abordar a possibilidade de um outro olhar sobre a criança (claro, sempre a partir da polêmica da última semana), entra numa estranha contradição interna.
    Isso pode ser observado, inicialmente, quando a reportagem começa a desconstruir o significado da infância, atribuindo causas e determinações socio-históricas para explicar como se construiu esse conceito moderno e como ele se presentifica quando tratamos as crianças ou as tentamos entender. Logo, tenta-se justificar o fato de não termos o costume de olhar a criança como um ser que pode ser cruel, e ao mesmo tempo, trata a crueldade como uma possibilidade humana. Legal. Até aqui tudo bem. Aqui, podemos enxergar a tentativa de trazer o leitor para essa discussão da relativação da infância, ilustrando como nós tendemos a olhar as crianças de forma tão idealizada e padronizada. Agora, se a reportagem começa tentando dizer que "não... nós precisamos ver que a infância não é bem assim...", como ela pode validar essa tese de desconstrução do que é ser criança, se no fim das contas acaba por tratar essa possibilidade da criança ser cruel como um desvio? Se há um desvio, é porque há um padrão; se há uma doença, é porque há o que é considerado saudável - nesse caso, na infância.
    Claro que há um conteúdo psicológico a ser levado a sério... eles exemplificam... (tomando casos extremos). Mas porque sempre é necessário recorrer a uma patologização do ser para lidarmos com questões-problema? É um tanto irresponsável por parte da reportagem escrever em tons tão consequencialistas. E é mais irresponsável ainda resumir toda essa discussão a um quadro listando atos que podem indicar perversão infantil. Como assim perversão?? Não vou entrar nesse mérito, assim como também não entrarei no mérito da moral, que é mais complexo ainda.
    Ao objetivar alcançar o senso comum e fundar um senso comum, mais do que isso, o sensacionalismo busca a paranóia comum.
    Uma coisa é você querer mostrar aquilo que pode levar a fins trágicos. Outra coisa é misturar esses fins trágicos com uma discussão que primeiramente tentou mostrar que sim, não é ruim pensar que justamente nessa fase inicial da vida estamos tendo nossas primeiras experiências de troca, e que isso pode também significar trocas negativas.

    Mas pelo menos tentou desconstruir...

    Abraços,
    Livia Fortuna.

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  3. Achei interessante pensar essa reportagem junto com a aula de 12 de fevereiro de 1975 de Foucault, em "Os anormais", que acabei de ler para uma outra disciplina. Pensei ter a ver, já que nos dois textos há a discussão de casos que questionam os especialistas com relação à motivação para um crime – nos casos relatados por Foucault, em que pessoas aparentemente "normais" cometem crimes hediondos – ou o porquê de uma criança, “ser tão indefeso”, fazer uma maldade sem sentir culpa.
    Acredito que esse tipo de prática mobiliza muito a sociedade, acabando por solicitar a fala de especialistas – psicólogos ou psiquiatras – e criar um novo objeto de investigação: a maldade infantil, assim como no século XIX criou-se o louco como objeto de investigação da nascente psiquiatria.
    Penso que o horror diante da maldade infantil se relaciona com o tema discutido na última aula referente à criação da infância. Ou seja, criou-se a idéia de infância enquanto época de pureza e inocência, diferentemente da visão que se tinha antigamente, em que a criança era apenas um adulto em miniatura. Até achei interessante a reportagem marcar essa questão histórica, apesar de, no discurso, reafirmar a idéia de infância como um conceito fechado (infância = inocência), e não construído sócio-historicamente.
    Abs,
    Carolina Cibella.

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  4. Elas não podem ser cruéis, a figura da inocência pura e ingênua não abriga a possibilidade da maldade, assim como não suporta o fantasma da sexualidade.
    Esta reportagem retrata o movimento de esquadrinhamento, característico da modernidade: se algum fenômeno diferente surge, em meio ao normatizado universo social, este acaba abocanhado pela ciência e pelos dizeres especialistas que não apenas diagnosticam, mas também prognosticam, o que fica explicitado no fato das crianças portadoras de Transtornos de Conduta tenderem a se transformar em adultos Psicopatas.
    É bem estranho observar os indícios de perversidade infantil, uma vez que a maioria dos comportamentos apontados torna-se cada vez mais comum em uma sociedade que supervaloriza o lucro e superficializa relações humanas. Convive-se com uma desigualdade social absurda, mas questiona-se a falta de solidariedade ou o egocentrismo como possíveis preditores de Transtornos de Conduta.
    De fato, mentir, roubar, ser intolerante a frustrações, chantagear ou culpar o outro por seus erros me parecem comportamentos “maus”, porém estes apontam não para um sujeito perverso, mas para uma perversidade social que surge a partir de práticas que fundamentam e servem de justificativa a estes tipo de atitude.
    Sendo assim, acredito que existem inúmeras maneiras de nos posicionarmos frente à diferença: podemos acreditar na possibilidade de um Transtorno, podemos nos questionar se somos bons professores e nossas crianças bons alunos e podemos também, buscar outros caminhos já que o universo dos possíveis é infinito.
    Carla Freitas

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  5. Lendo a reportagem e os comentários anteriores, comecei a pensar na expressão "disputas discursivas" e em como o debate tende a ser colocado – no campo psi, pelo menos – em termos de uma vertente vilã, defenestradora, versus uma vertente boazinha, defensora de crianças e velhinhos. Assumimos sempre uma posição maniqueísta quando lemos esse tipo de artigo: "Realmente, isso faz sentido... Eu tenho uma prima que é a cara da Rafaela...", uns dirão; "Que absurdo! Reduzir a subjetividade a um transtorno de conduta", dirão outros, indignados. E então perdemos de vista a questão e partimos pra discussões de cunho preto-e-branco que simplesmente reafirmam a disputa entre uma vertente boa e uma ruim.

    O que quero dizer é que é algo realmente raso qualificar este tipo de discurso de simplista, reducionista, ou o que seja, e simplesmente ignorar o fato de que grande parte do que se produz em ciência – seja lá o que isso for – hoje, segue as regras iluminadoras, desveladoras de essências. A questão, que muitas vezes se perde, é por que este tipo de discurso se sobressai, enquanto outros não ganham estatuto de verdade? Quais são as condições de possibilidade para a emergência de uns e o afogamento de outros?

    Uma das grandes contribuições que Foucault traz para a discussão sobre as Ciências Humanas é a implicação. Não é possível ler sua obra e não se sentir implicado no processo de produção de verdade. Foucault desloca justamente o foco de uma verdade absoluta, transcendental, universal, de cima para baixo, para uma verdade produzida no cotidiano, no dia-a-dia das práticas, no mais trivial dos fatos. Sendo assim, nos convoca a erguer nossas armas e entrar na disputa.

    No entanto, uma vez mais, não se trata de chamar o outro de mau e feio, e sim de disputar o território com argumentos sólidos. Se eles vêm com transtornos de conduta, contra-atacaremos com inconscientes, com sócio-construcionismo, com humanização, com o que quer que seja – e que seja ciência também, porque é algo de contraditório abominarmos o discurso científico, transformá-lo numa tuberculose, para, na grande cerimônia de nossas formaturas, dizer com a mão estendida que "Por meio do meu exercício profissional, contribuirei para o desenvolvimento da psicologia como ciência e profissão na direção das demandas da sociedade".

    Não pretendo com esse escrito defender ou desqualificar um posicionamento ou outro. Questiono, tentando desnaturalizar isso que se chama de ciência. Estou (e, acreditem, estamos) inserido nas práticas discursivas. A pergunta que fica é: que prática pretendo(emos) afirmar?

    Afinal de contas, "with great power comes great responsabilities".

    =D
    André Luiz Vale

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  6. Que prática(s) pretendo(emos) afirmar?

    Esta pergunta me faz lembrar o texto “História e Subjetividade” que utilizamos na segunda aula. Em determinado momento (p.29 na minha cópia) discute-se que aqueles cuja profissão é se interessar pelo discurso do outro se deparam com uma encruzilhada; de um lado o caminho leva à reprodução de modelos e do outro a trabalhar os processos de singularização. Em relação a este segundo caminho, conforme o que foi comentado em aula: “a garantia de uma micropolítica só pode ser encontrada a cada passo, a partir dos agenciamentos que a constituem”, ou seja, um modelo de intervenção por melhor que pareça, não garante de saída que se permita trabalhar os processos de singularização. Parece ser preciso estar sempre atento para colocar em discussão a forma como se está atuando por um lado e por outro a cada ponto de singularidade que aparece.

    Willy H. Rulff

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  7. Achei muito interessante a notícia da revista em questão e ,como já dito acima, ela exemplifica bem esse sentimento de infância existente na nossa sociedade atualmente, a crença de que a criança é um ser ingênuo e indefeso.
    Como visto no texto "O sentimento da Infância", o surgimento desse sentimento resultou numa preservação da criança em relação "a sujeira da vida", e numa interiorização da idéia de uma infância santa. Tal fator tem prejudicado muito a possibilidade de uma observação neutra,e/ou de uma abertura ,no que tange a sociedade, em relação a outras probabilidades.A crença em algo tende a fechar os olhos da sociedade para todo o resto, e portanto não admite-se nada contrário ou diferente, não há considerações nem no âmbito das possibilidades, e isso só resulta na persistência do problema e no seu agravar.
    O desvio de Conduta, não deve ser o único item a ser considerado, é importante pensar também na realidade social como um todo, verificar se houve um real agravamento dessas práticas maldosas,como o bullying por exemplo, e procurar seus agravantes.
    É apartir do levantamento de questões como essas que devemos repensar no nosso meio,para visualizarmos que essas crianças estão inseridas em um contexto e nos perguntarmos sobre as práticas existentes neste, e como elas poderiam ou não contribuir para o agravamento destas posturas mais cruéis provindas das crianças.Lembrando sempre que analisaremos formas que propiciem o agravamento , ou seja, considerando a existência de uma má conduta infantil, e de um transtorno de conduta, ou a possibilidade desta existência.

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  8. Destacando algumas frases do texto da Revista Época:
    “Sim, elas podem ser cruéis:”
    “Não é fácil a sociedade aceitar a maldade infantil, mas ela existe.”
    “(...) a criança ou adolescente que tem essa patologia pode se transformar, na vida adulta, em alguém com a personalidade antissocial...”
    “Um obstáculo para o tratamento de crianças com sinais de transtorno de conduta é o próprio tabu da maldade infantil.”
    “Se a criança é o eixo do sentimento moderno de família, ela não pode ser má. Eis o tabu.”
    As escolas, porém desmentem isso:
    “Pequenas maldades e mentiras são absolutamente comuns na infância.”
    “Essa criança poderá ser um político corrupto, um fraudador, até um torturador físico ou emocional...”
    “A estrutura familiar de hoje, com pais trabalhando fora o dia todo e com tendência a dar poucos limites aos filhos, favorece o desenvolvimento do transtorno de conduta. Qualquer criança que não é repreendida pelos pais sobre seus erros tende a crescer pouco civilizada.”


    A leitura deste texto me faz pensar um pouco na vulgarização da patologia. Hoje é bem mais comum encontrar crianças com diagnósticos muito precoces, e para isto há o TDAH que não nos deixa mentir tal o índice apresentado.
    Parto então para a reflexão de qual seria a função social da escola. Esta, a meu ver, seria um lugar de encontro e de produção de subjetividades. Lembrando também que a escola foi estruturada em cima de uma organização do Estado e foi onde também a sociedade encontrou um grande espaço para a entrada da norma. Escola, sociedade, lugares onde punições e gratificações entram num constante jogo disciplinar, dentro é claro de uma perspectiva de comparação de conduta, bom e mal, por exemplo – Foucault fala que o indivíduo entra no esquema dessas ideologias. Pensando nisso tudo, pergunto: de que lado devemos ficar? Do sistema?
    E os pais, será que “os pais de hoje” aceitam a “norma” para seus filhos? Será que não devemos pensar um pouco na crise de autoridade dos pais – frutos dos anos 60. Crise vivida e que é tremendamente potente. Pensar que ao não querer repetir os erros e a maneira como foram criados, os pais acabam esquecendo-se de dar limites para seus filhos, e acabam por confundir autoridade com uma postura autoritária (aquela que seus pais exerciam).
    Porque é tão estranho aceitar que uma criança seja má? Penso como eram os políticos quando crianças!!! (risos)
    Gostaria de lembrar nossa história sobre a invenção da infância, onde esta deve fazer parte de um mundo melhor.
    Não quero aqui ter a pretensão de discutir com a psiquiatria, muito menos tirar o crédito dos avanços da neurologia. O que gostaria é que pensássemos que criança é essa que está no dia-a-dia sendo influenciada por milhões de atravessamentos, que com certeza estão constituindo seu modo de existência. E, ainda, pensar que nelas estão sendo diariamente injetados modelos de ser, que como resultado irão defini-las. Assim sendo, o melhor a fazer é estranhar esse excesso de patologia, posto como algo natural.

    Ruth Fonte.

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  9. Felipe Nunes de Lima24 de maio de 2010 às 23:28

    A matéria da revista é bem interessante na medida em que trata de um tema pouco abordado (a crueldade infantil) e das manifestações de um transtorno mental cujo tratamento é certamente um dos mais desafiadores, já que a ciência ainda não vislumbrou o que chamamos de cura para essa patologia. Não pretendo, com esse discurso, criar uma atmosfera de terror em torno do assunto, mas apenas salientar alguns pontos que considero importantes, e que não podem ser negligenciados em prol de um relativismo absoluto.
    Independentemente de que os limites entre normal e patológico − bem como esses dois conceitos − sejam produzidos pelo discurso científico, como demonstrado por Foucault, os atos altamente cruéis de crianças e sua falta de empatia são reais e danosos à sociedade. Estou totalmente de acordo com o fato de que os transtornos não devem servir como rótulos, de modo a exterminar a subjetividade; no entanto – é quase desnecessário dizer – as classificações mostram-se bastante úteis para fins práticos, e penso que isso justifica seu uso.
    Acredito, contudo, que a matéria tenha um caráter reducionista por ter praticamente restringido a crueldade infantil ao transtorno de conduta. É importante ressaltar que as crianças, assim como os adultos, podem ser cruéis mesmo não apresentando nenhum transtorno de conduta. Muitos adultos provavelmente não atentam para esse fato por entenderem que a infância é “pura”, repleta de bondade e inocência. Talvez, se essa questão fosse mais bem trabalhada, a matéria poderia deixar de transmitir uma impressão sensacionalista.
    Considerando o fato de haver uma maldade infantil que não é patológica, cabe ao profissional que irá realizar o diagnóstico levar em conta os diversos atravessamentos que constituem o sujeito, a fim de não produzir um discurso equivocado.

    Felipe Nunes

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  10. Ana Carolina Gomes Perez22 de junho de 2010 às 15:21

    Interessante a matéria enquanto abre espaço para se pensar a não-naturalidade da concepção de pureza e resguardo associado ao sentimento de infância.
    Por outro lado, acho absolutamente problemáticas, rasas e inconseqüentes as afirmações em defesa ao conceito de natureza criminosa/delinqüente.

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  11. Natália V. P. G. Pereira27 de junho de 2010 às 16:11

    A reportagem revela uma tendência que tem se tornado bem forte: patologizar o comportamento das pessoas. Aquilo que se mostra como diferente, como não entendido, se torna uma doença. O comportamento é descrito como sintomas, e a partir disso produz-se uma categoria nosológica que explique este comportamento. Isso me remete à um discurso da semiologia, o discurso médico, a partir dos sintomas entede-se o que passa com aquele sujeito.
    Um discurso bem lógico e estruturado que se aproxima de um deciframento. É uma tentativa de universalizar a causa do comportamento das crianças, sem nos implicar com esta questão que é decorrência de todo um cenário social. Este discurso parece um retorno ao discurso da psicologia que se baseia na semiologia, e se distingue de toda a mudança no discurso no século XX para a hermenêutica, a interpretação, como foi descrito por Foucault.
    Outro fator que me chama a atenção é a explicação de um comportamento a partir de uma causa física, parece um retorno à Lombroso no século XIX, a partir de um traço físico explica-se um comportamento.
    Assim, parece que a explicação para o comportamento contemporâneo recorre ao determinismo, negligenciando as possibilidades de pensar as escolhas, de fazê-las e revê-las. Escolher parece um verbo cada vez mais não disponível.

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  12. Do mundo onde eu venho criança boa é aquela que está sempre tentando por o adulto em situação complicada, que mente e manipula seus pais. E ela é boa porque quando age assim mostra que é inteligente, e que poderá facilmente ter um futuro brilhante, e construir uma sociedade melhor. Lá no meu mundo dos seres fantásticos, criança má é a que é inocente, que aceita todas as regras... isso é mau não só para ela, como também para as pessoas do mundo do qual eu venho. Esse tipo de criança pode por em risco todo sonho da nossa sociedade...

    O que torna uma criança má? Ou o que a torna Boa? Me parece que esses critérios não podem ser definidos enquanto natruais, como algo em essência... Porque no meu mundo criança boa é diferente da criança boa do mundo de vocês. Essa inocência, e essa proteção que oferecem para suas crianças deve servir para alguma coisa no mundo de vocês, para o sujeito que pretendem criar... No meu mundo isso não serve para muita coisa não. Acho que temos projetos de sociedade diferentes então.

    Camila Machado

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  13. Gisele de Oliveira e Souza9 de julho de 2010 às 21:58

    Essa reportagem reflete o que é colocado em muitas outras revistas, principalmente as voltadas para donas de casa, onde se utilizam temas polêmicos tratados em novelas para se discutir aspectos da vida social. Estas revistas sempre normatizam comportamentos considerados adequados e apontam outros como considerados preocupantes, como por exemplo, "7 dicas para saber se seu marido está te traindo", "TDAH: descubra agora se seu filho tem", "Como resolver problemas amorosos", dentre uma série de outras onde "especialistas" oferecem quadros, testes e alertam para possíveis indicadores de distúrbios. O pior de tudo isso é que as pessoas lêem essas matérias sem o menor senso crítico e assumem aqueles pontos de vista como verdades. A reportagem em questão começa com uma proposta interessante de desconstruir a visão de infância como pura e ingênua, mas acaba por se contradizer, reafirmando em suas conclusões uma maneira certa de ser criança que seria essa criança pura e ingênua, já que a outra seria desviante. Vejo esse tipo de reportagem como um instrumento normatizador da sociedade, como uma forma de disciplinar os corpos e construir modelos certos de ser sujeito, o pior de tudo isso é que existem "especialistas" psicólogos corroborando este tipo de postura.

    Gisele de Oliveira e Souza

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