Finalmente, depois de muito tentar, vou conseguir postar no blog. Graças a ajuda da Shanti... Obrigada!!!!
Desde o primeiro dia de aula quis dividir com vcs uns trechos do livro On the road do Jack Kerouac. Porque, muitas vezes, abordamos nas nossas discussões a questão de o caminho que escolhemos seguir ser uma escolha predeterminada pelos dispositivos do capitalismo, o que inclui o desejo da família, status, nossa própria vontade de seguir o rebanho ou não. E, por diversas vezes, quando falávamos de uma escolha alternativa, eu tinha a impressão que essa idéia já tinha sido englobada pela nossa sociedade de consumo.
Para mim, ir de fato contra alguns valores compartilhados pela atual sociedade, ainda que questionáveis, nem sempre é possível ou desejável. Ora por não prescindir da aceitação dos outros, ora por encontrar esses valores no meu "âmago" (profissão, casa, marido e filhos), ora por não ter coragem, por não ter esperaças. Voltando ao livro, como disse em sala, eu não consegui ler mais que a metade, porque não me identificava com aquela falta de ideal, de rumo, de compromisso dos personagens. Mas alguns amigos alouqueceram com o livro, que por sinal é um marco da geração Beat (último grito de oposição do status quo segundo Heloisa Buarque de Holanda).
" Eu estava curtindo uma temporada exuberante e o mundo inteiro abria-se na minha frente porque eu não tinha sonhos."
" Veja só, cara, a gente envelhece e os problemas se acumulam. Um dia você e eu acabaremos percorrendo becos, ao pôr-do-sol, revirando latas de lixo.
Você quer dizer que acabaremos como velhos vagabundos?
Por que não, bicho? Claro que sim, se quisermos. Não há problema algum em acabar dessa maneira. Basta você passar toda uma vida de não-interferência nos desejos dos outros, incluindo políticos e ricos, sem se envolver jamais com esses anseios angustiados, aprimorando sua ação pelo não fazer, que então ninguém te incomoda e você segue em frente, livre, leve e solto_ para fazer o que quiser."
Eu acho essa visão muito forte. Assim como cada vez que passo por um mendigo tenho vontade de salvá-lo. Se pudesse lhe daria aquilo mesmo que sonho para mim, profissão, casa, família e banho (esse último eu já tenho). Mas nem sempre ele está nessa condição por falta de escolha. Talvez seja possível a não-interferência dos desejos dos outros, mas talvez o preço seja o isolamento. Com isso, quero dizer que acredito ser de enorme valor rever tantas coisas que naturalizamos, mas tem um limite: vivemos em sociedade e dependemos dos outros. Até onde? Enfim, será que não vão ler meu único post porque ele é muito grande?
Carla Pessanha
sexta-feira, 17 de junho de 2011
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"Basta você passar toda uma vida de não-interferência nos desejos dos outros, incluindo políticos e ricos, sem se envolver jamais com esses anseios angustiados".
ResponderExcluirSerá que é realmente possível "escolher" não interferir no desejo dos outros? Acho que o simples fato de fazer essa escolha já implica numa interferência.
Ninguém será "um velho vagabundo" sem interferir (quase sempre, negativamente), no desejo, no mínimo da mãe e do pai, que não tem um filho (na maioria das vezes) e o cria para que se torne um "velho vagabundo".
Sim, nós vivemos em sociedade e por isso dependemos um dos outros num certo nível, como você bem colocou, e por isso mesmo, não acredito que seja possível adotar essa postura colocada pelo autor, nem mesmo que o isolamento será a consequência, porque o isolamento por si só já é uma forma de afetar os outros, nem que seja no nível mais superficial da curiosidade.
Entendo, que ao contrário que o autor coloca, assumir essa postura pode interferir muito mais nas pessoas, porque quebram-se as convenções, e quando estas são quebradas, as pessoas se inquietam, se movimentam para, no mínimo, criticar.
Viu, eu li!rs
Imira