terça-feira, 21 de junho de 2011

O telegrama...

Para Psis:

Palavras para pintar
Paredes para pensar
Pessoas para polemizar
Pol'itica, Poesia, Psicologia!

Paula Rubea.

Poema Drummond

Um poema que li de Carlos Drummond de Andrade que achei super interessante, quando achamos que nossas escolhas são sempre as erradas e que nunca podemos tentar recomeçar. Acredito que as aulas de análise do vocacional foram úteis nesse sentido. Pelo menos para entender que nunca é o fim para uma escolha em nossas vidas.

"Não importa onde você parou...
Em que momento da vida você cansou...
O que importa é que sempre é possível recomeçar.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e, o mais
importante...
Acreditar em você de novo.
Sofreu muito neste período? Foi aprendizado...
Chorou muito? Foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só diversas vezes?
É porque fechaste a porta até para os anjos...
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora...
Onde você quer chegar? Ir alto?
Sonhe alto... Queria o melhor do melhor...
Se pensarmos pequeno... Coisas pequenas teremos...
Mas se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente, lutarmos pelo melhor...
O melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura."

Carlos Drummond de Andrade

BRUNO FONTES

Telegrama e outras coizitas mais....

DE: Carla Eirado. PARA: Grupo analise do vocacional

Caros companheiros,
Começando: cada cara calejada, cansada, caricaturada; conquanto cai. Cambaleia, caminha...Caiu-se!
Caiu-se cada comichão, cada confusão.
Canta!
Canta cura, canta carinho, canta contos camaradas. Cantam-se cara-a-cara; caras-a-caras...
Continuo, continuam, continuarão crer,com CORAÇÃO, caber.

Uma vez ouvi esta frase. E após ter essa fantástica experiência com vocês creio que ela se encaixe perfeitamente:

" Diz-se que, quando o ser humano se aproxima d'O Saber, ele crê que os rios são rios, as montanhas são montanhas e as nuvens são nuvens. Após profundo estudo e observação, ele compreende que os rios não são rios, as montanhas não são montanhas e as nuvens não são nuvens. Mas, quando realmente atinge a compreensão, finalmente vê que os rios não são mais do que rios nem menos do que rios, e por isso podem ser chamados de rios, o que acontece também com as montanhas e as nuvens." PADMA SANTEM

Também gostaria de compartilhar esse texto que, para mim confiavelmente, esboça o que foi (e é) o tão indeciso momento de uma escolha/aposta/risco da profissão ou de qualquer outra coisa significativa, em termos de sentido neste longo, insistente e pedante processo de deitar e levantar, mais conhecido como Viver:

FORMAS
--Foi bastante complicado para Ela.
Porém, passado o momento angustiante, Ela, pouco a pouco abre seus pequenos olhos. Olhos indefesos, desprovidos, ingênuos.
Começa a sentir o ar...Nota-o exacerbado. Faz uso de sua visão, no entanto, pouco ela poderá lhe oferecer. Tamanha claridade cega-a.
Ela é sensível, sente que seu lugar não é aqui.
Está inacabada tal qual canto sem música; fruta sem semente, flor sem aroma.
Passa o tempo em seu delírio, solidão.
Ela se tranca.
Cai em descanso profundo e põe-se a meditar.
Vem dia, vai dia...vem noite, vai noite...
Até que, então, a nostalgia que reservava em seu coração torna-se calmaria. Ela não deseja sucumbir no mar da incompreensão.
Não! Quer experimentar.
Sentir cada gota de orvalho a cair em sua face, vislumbrar a dança dos vaga-lumes no cair da noite, ouvir o falar dos pássaros.
Ora, vejam! Ela despertou!
Encontrou, enfim, a parte que lhe faltava.
Doravante poderá crer em todos os seres, achou a essência do seu viver, e por isso, Ela passa com formosura. Enfeitiça a todos que para Ela desviarem o olhar.
Agora permanecerá eternamente com esta forma. Gozará de tudo que esta vida possa lhe dar, vivendo intensamente todos os seus suspiros e alcançará a mais plena felicidade. Portanto, abandone a obscuridade, tente entendê-la, não tenha medo. Acredite em sua essência, não desconfie da vida.
Algum dia a vida revelar-te-á a parte que lhe falta, pequena lagarta.
Há de se transformar em uma admirável borboleta, e alcançará a mais plena felicidade!
CARLA DO EIRADO




segunda-feira, 20 de junho de 2011

Lembrei de vocês...

Pesquisando mensagens e trechos para o convite de formatura de minha turma, achei este trecho de Foucault que me remete muito às nossas discussões.

Para além de conceitos e teorias aprendidos ao longo da graduação, sem dúvidas meu maior aprendizado é justamente saber que "se pode pensar diferentemente do que se pensa e perceber diferentemente do que se vê". Estranhar, questionar, desconstruir, construir, saber que não se sabe tudo, nunca...é isso que fica....

“De que valeria a obstinação do saber se ele assegurasse apenas a aquisição dos conhecimentos e não, de certa maneira, e tanto quanto possível, o descaminho daquele que conhece? Existem momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar diferentemente do que se pensa, e perceber diferentemente do que se vê, é indispensável para continuar a olhar ou a refletir. Talvez me digam que esses jogos consigo mesmo têm que permanecer nos bastidores; e que no máximo eles fazem parte desses trabalhos de preparação que desaparecem por si sós a partir do momento em que produzem seus efeitos. Mas o que é filosofar hoje em dia — quero dizer, a atividade filosófica — se não consistir em tentar saber de que maneira e até onde seria possível pensar diferentemente em vez de legitimar o que já se sabe” (Foucault, 1984 [1998]:13).

Fonte: Foucault, Michel. História da Sexualidade Vol. 2 (O uso dos prazeres). Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque. 8ª ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1998 [1984].

Natália Ferreira

Telegrama N



NUANCES

Nem nisso, nem naquilo...
No nada? Nade!
Ninguém? Navegue!
Neutros? Nós não!

Natália Fererira

Meu telegrama para turma

Letra S

Sabiá sábio sabia... sussurrar!!
Sim, senhores!
Sabemos ser "sinistro" saber sobre sábias sugestões...
Saibamos sugerir sobre surpresas sem sentido, sendo superações sensacionais!
Sorrindo, sóbrios...
Seguindo seus sonhos sem saber se só sonha, sem saber se sai...


Shanti Rodrigues

Para sonhar um mundo ao revés

Com todo esse clima de término, que já está me deixando nostálgica posto minha canção de ninar favorita (ohn). Porque não há nada melhor do que desconstruir e fazer análise na cama. (De acordo com o Lourau, não me entendam mal, porfavor!)

"Érase una vez, un lobito bueno
al que maltrataban todos los corderos

Había también un principe malo,
una bruja hermosa
y un pirata honrado.

Todas estas cosas
habia una vez
quando yo soñaba un mundo al revés."

(Era uma vez um lobo bonzinho, que era maltratado por todos os cordeiros.
Havia também um príncipe malvado, uma bruxa formosa e um pirata honrado.
Todas essas coisas existiam quando eu sonhava um mundo ao revés.) - em tradução livre e sem beleza

Bons sonhos
Aymara
Várias reflexões percorreram esse semestre no nosso grupo e nas nossas cabeças após cada encontro. Como eu disse no dia em que nos apresentamos de forma diferente, sou uma pessoa objetiva, que vê a prática das coisas, não só num sentido de aplicar aquilo, mas também de ver como aquilo mudou a minha vida, me atravessou de alguma forma. Fiquei pensando nisso sobre nossos encontros...Sei que não saí com respostas de nada, mas sim com muitas perguntas sobre "respostas" que eu fiz ou vivi sem pensar no motivo, e isso pode mudar muitas coisas na minha vida daqui em diante. Estou cada vez mais certa que o que eu quero mesmo eu não encontrarei em nenhuma profissão específica, mas ao mesmo tempo sei que a psicologia foi e é essencial no meu caminho, pela visão que me proporcionou e pelas portas que me abriu.

Falei que estava fazendo a matéria "Análise do Vocacional" pro meu namorado e ele me perguntou o que era isso, se era orientação vocacional e tal. Vocês sabem como é difícil explicar qualquer coisa de psicologia para quem é de fora né...Mas, me surpreendi explicando de forma bem simples até: a orientação vocacional te ajuda a ver o que você vai escolher de profissão e a análise do vocacional te ajuda a saber porque você vai escolher (escolhe ou escolheu) na vida. Até que ele entendeu (ou aceitou).

Com a letra R (e sem conectivos): Roda

Raro recurso rumo reconstruções referente razões requirindo repensar, resolver, revelar respostas.

Reunimos recordações, rumores, reagrupamos retalhos, rebelamos...

Resultam revelações reais, risadas, reparos, reorganizações...

Reflexões, reflexões, reflexões....

Até!
Rafaela Cruz



domingo, 19 de junho de 2011

Sobre nossas Conversas




Conversas

Cartografar caminhos,

Compreender critérios,

Criar chances,

Convocar criatividades,

Conjugar, concordar, confrontar...

Confundir cérebros.



Camila Roque

Mais uma vez caminhos...

Durante todo o semestre muitas reflexões perpassaram minha mente, mas uma em particular esteve como pano de fundo em muitos momentos. Durante toda a minha vida fui impelida a tomar decisões. Decisões sérias e importantes. Decisões “para o resto da vida”. Daí surge a escolha da profissão. Entrei para Psicologia, mas eu realmente escolhi a Psicologia? Não soube responder essa questão por 3 anos de faculdade.

Um dia, resolvi abrir os olhos e ver a beleza da Psicologia. Suas múltiplas possibilidades de atuação e de criação. Me apaixonei. E como toda paixão que se preze tem seus momentos de amor e de fúria.

Nos meus momentos de fúria me vejo sem saber o que fazer com ela. Pra onde eu vou com isso? Que caminho eu sigo na Psicologia: Clínica, Hospitalar, Empresarial? Sinto necessidade de definição. O que estará escrito em meu cartão? Julia, psicóloga...... Preciso de um lugar para me amparar, de uma base de onde partir, de uma rumo para seguir.

No meio dessa loucura surge Regina Benevides. Que linhas são essas que me atravessam e que me fazem ter que ser apenas uma? É preciso colocar em análise essa angústia e promover bifurcações, novos caminhos, novos lugares. Desterritorializar o lugar de psicólogo. Por que só clínico ou só organizacional? Por que não inventar novas formas de ser e de fazer psicologia? Por que não ser múltiplo?

Nesses momentos lembro das pessoas que admiro. Nenhuma delas se deteve em seus papéis pré-determinados, muitas não se encontraram na primeira coisa que fizeram e hoje são pioneiras no que fazem. Entre elas Sandra Korman, psicóloga especialista em Empreendedorismo e Carolina Sanches, Jornalista e Pedagoga, com seu projeto Crianças de lá e de Cá, que promove a inclusão social de crianças por meio da literatura infanto-juvenil.

É, acho que isso... O caminho talvez seja caminhar e ir seguindo o que teu coração te diz e onde teus pés te levam.

Termino este post citando mais uma vez as sábias palavras de Paulinho Moska que sempre me consolam:

"Então me diz qual é a graça

De já sabero fim da estrada

Quando se parte rumo ao nada"


Julia Torres

sábado, 18 de junho de 2011

Chegamos ao Fim?

Como disse a Shanti, nossa disciplina se findará na próxima sexta, mas será que realmente ela acabou para nós? Bom, acho que para mim essa tal disciplina de Análise do Vocacional só me despertou novas curiosidades e mais vontade de me debruçar sobre essa tão procurada vocação para ser algo que o sujeito tanto se preocupa em ter.
Realmente, não tenho dúvidas, de que a melhor escolha que fiz nesse período foi pegar essa disciplina que tratava nada mais nada menos de escolhas, e essa minha escolha foi literalmente as cegas quanto ao teor que seria abordado na disciplina e simplesmente a cada encontro que tínhamos,o significado grupo se enraizava em mim e aquele momento passou a ser o momento mais esperado da minha terça-feira.
E assim esse momento tão esperado irá terminar-se na próxima terça, mas não estou entristecida, estou feliz por ter pudido experimentar esse "devir-grupo" de uma forma tão sublime. Foram tantas experiências trocadas,tantos questionamentos, tantas lembranças revividas, tantos aprendizados, tanta produção de subjetividade, tantas desconstruções e construções de novos modos de ser que não há possibilidade alguma de eu me sentir triste, me sentirei apenas saudosa!

Como dizia Sartre: "O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós. "

Que a psicologia possa estar sempre surpreendo a todos nós, nos ensinando a questionar e tornar estes questionamentos o ponto de partida para toda e qualquer escolha a ser seguida.

Vou registrar meu Telegrama para o Grupo:

Pensar porque?
Pensar potências,
Pensar prazeres,
Pensar poderes,
Pensar pessoas,
pacientes, parceiras, perseverantes, presentes,PARTICIPANTES.
Palavras pulsam,
persistem, preservam passado,presente, paixões, perdões.
Pequenas, profundas
passageiras, permanentes,
poderosas, perigosas,
para poemas,
para papos,
para prosas.

Parabéns Produtores PSI! ;)

Beeeijos
Paula Maynarde



sexta-feira, 17 de junho de 2011

caminho alternativo

Finalmente, depois de muito tentar, vou conseguir postar no blog. Graças a ajuda da Shanti... Obrigada!!!!

Desde o primeiro dia de aula quis dividir com vcs uns trechos do livro On the road do Jack Kerouac. Porque, muitas vezes, abordamos nas nossas discussões a questão de o caminho que escolhemos seguir ser uma escolha predeterminada pelos dispositivos do capitalismo, o que inclui o desejo da família, status, nossa própria vontade de seguir o rebanho ou não. E, por diversas vezes, quando falávamos de uma escolha alternativa, eu tinha a impressão que essa idéia já tinha sido englobada pela nossa sociedade de consumo.
Para mim, ir de fato contra alguns valores compartilhados pela atual sociedade, ainda que questionáveis, nem sempre é possível ou desejável. Ora por não prescindir da aceitação dos outros, ora por encontrar esses valores no meu "âmago" (profissão, casa, marido e filhos), ora por não ter coragem, por não ter esperaças. Voltando ao livro, como disse em sala, eu não consegui ler mais que a metade, porque não me identificava com aquela falta de ideal, de rumo, de compromisso dos personagens. Mas alguns amigos alouqueceram com o livro, que por sinal é um marco da geração Beat (último grito de oposição do status quo segundo Heloisa Buarque de Holanda).

" Eu estava curtindo uma temporada exuberante e o mundo inteiro abria-se na minha frente porque eu não tinha sonhos."

" Veja só, cara, a gente envelhece e os problemas se acumulam. Um dia você e eu acabaremos percorrendo becos, ao pôr-do-sol, revirando latas de lixo.
Você quer dizer que acabaremos como velhos vagabundos?
Por que não, bicho? Claro que sim, se quisermos. Não há problema algum em acabar dessa maneira. Basta você passar toda uma vida de não-interferência nos desejos dos outros, incluindo políticos e ricos, sem se envolver jamais com esses anseios angustiados, aprimorando sua ação pelo não fazer, que então ninguém te incomoda e você segue em frente, livre, leve e solto_ para fazer o que quiser."

Eu acho essa visão muito forte. Assim como cada vez que passo por um mendigo tenho vontade de salvá-lo. Se pudesse lhe daria aquilo mesmo que sonho para mim, profissão, casa, família e banho (esse último eu já tenho). Mas nem sempre ele está nessa condição por falta de escolha. Talvez seja possível a não-interferência dos desejos dos outros, mas talvez o preço seja o isolamento. Com isso, quero dizer que acredito ser de enorme valor rever tantas coisas que naturalizamos, mas tem um limite: vivemos em sociedade e dependemos dos outros. Até onde? Enfim, será que não vão ler meu único post porque ele é muito grande?

Carla Pessanha

quinta-feira, 16 de junho de 2011

aquela poesia com a 1ª letra do nome...


Pra vocês, grupo que findará na próxima semana...

Achado!
Acredito Assim.
Aceitar, amargar, ansiar, afetar, aimentar!
Arranjar anônima aspiração.
Avaliar atos, atingir atitudes.
Angustiada, alimento alucinações auditíveis - amarradas aos aliados.
Aglutinar amáveis alegres adiciona antiga atitude a ações antes alienadas...
Agora avisto alguma astúcia antes algemada a antigas ações acatadas!
Amém!

Ana Marcela

Psicologia, sua linda!

Essa matéria, assim como tooodo o curso de psicologia na UFRJ, me surpreendeu muuuito! Eu esperava entrar pra psicologia e ser feliz, achei que a psicologia iria "me dar um rumo" e me satisfazer não só intelectualmente, mas também espiritualmente. Não sei em que mundo eu morava antes de 2007 mas, depois que entrei na faculdade, nunca mais fui a mesma. A psicologia riu de mim e de todas as minhas expectativas (ahhh, menina tola de 18 anos!) e me mostrou que eu não podia estar mais enganada ao achar que alguns (muitos!) créditos me fariam plenamente feliz!
Depois de me enrolar com embriologia, estatística, práticas que eu mal lembro o nome... A psicologia revelou para mim quem ela realmente é! Diferente do que eu achava, a psicologia veio para me confundir ainda mais, para me mostrar que as pessoas são muuuito mais complexas "do que o esperado" e que nenhuma faculdade vai te ensinar a ser ótima com elas. A safada da psicologia me mostrou também que não existem métodos perfeitos e aplicáveis a todos, diferentemente do que muitos amigos e parentes me disseram quando entrei pro curso (quem não ouviu "aee! vai poder cuidar da família toda agora!" ?!).
A verdade é que depois da psicologia eu nunca mais vou ser como eu era antes do curso (ignorante no meu mundinho lilás! rs). Eu nunca mais vou conseguir me alienar, fingir que não sou afetada todos os dias por várias pessoas. A psicologia me fez ter um olhar diferente das pessoas ao meu redor, me fez ser mais cautelosa com as coisas que falo e ter mais cuidado com os meus. Pode ter sido coisas que vieram com a idade, não com a faculdade, mas tenho dúvidas se viriam se o curso fosse de paisagismo ou economia doméstica por exemplo (NADA CONTRA!).
E é por isso que eu só tenho que agradecer a essa danada da psicologia, que me deixa sempre mais confusa, me fazendo questionar coisas que antes eram tão naturalizadas. Agradecer por esse espírito inquieto, desafiador e muitas vezes opositor!! E não me venham com ritalina!!! Eu quero mesmo é contaminar o máximo de pessoas que eu puder para que a idéia de Orientação do Vocacional perca sempre espaço para a Análise do Vocacional, joguinho de palavras tão sutil mas que faz tanta diferença!!


Shanti Rodrigues - no auge de suas desconstruções.

sábado, 11 de junho de 2011

Um pouco de Brecht e política

Dois poemas de Bertold Brecht, pra refletir!


Aos que virão depois de nós


I

Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de
estupidez,
uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não
recebeu a terrível notícia.

Que tempos são esses, quando
falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranqüilamente a rua
já está então inacessível aos amigos
que se encontram necessitados?

É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.
Mas acreditem: é por acaso. Nado do que eu faço
Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome.
Por acaso estou sendo poupado.
(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)

Dizem-me: come e bebe!
Fica feliz por teres o que tens!
Mas como é que posso comer e beber,
se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome?
se o copo de água que eu bebo, faz falta a
quem tem sede?
Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo.


Eu queria ser um sábio.

Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:
Manter-se afastado dos problemas do mundo
e sem medo passar o tempo que se tem para
viver na terra;
Seguir seu caminho sem violência,
pagar o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.
Sabedoria é isso!
Mas eu não consigo agir assim.
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!



O Analfabeto Político

"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia
a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta,
o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."


(Ana Marcela Terra)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Educação, Profissão e Confusão

Na última aula, comentei sobre o vídeo de uma palestra com um profissional britânico da área de educação, que fala sobre como o sistema de ensino das escolas não investe na criatividade dos alunos, deixando as artes em último lugar na hierarquia das matérias mais relevantes. Eu gostei muito da palestra e acho super interessante para quem quiser refletir mais sobre o assunto. O link segue abaixo, mas eu não consegui achar o vídeo legendado, mas quem quiser ver em inglês ou procurar melhor depois, aí vai:

http://www.youtube.com/watch?v=iG9CE55wbtY

Eu gostaria de comentar uma história que ele conta na palestra sobre Gillian Lynne, dançarina, coreógrafa que ficou famosa por ter feito os espetáculos Cats e o Fantasma da Ópera, entre outros. Ele conta que ela era muito agitada na escola, o que afetava seu rendimento escolar. Uma professora orientou a mãe a procurar um especialista, pois ela apresentava um distúrbio de aprendizagem (provavelmente TDAH, mas ainda não existia esta classificação na época). E a mãe levou. O médico ouviu a mãe, pediu para falar com ela em particular e, ao deixar sua sala, ligou o rádio, deixando Gillian sozinha ouvindo música. Ao sair, o médico pede que a mãe observe a filha, que já estava em pé dançando ao som da música. Então ele diz: "Sua filha não está doente, ela é uma dançarina. Leve-a à uma escola de dança." E a mãe levou. Gillian relata que na escola de dança as pessoas eram que nem ela: precisavam se mexer para pensar. Outro médico poderia ter dado uma medicação e ter falado para ela ficar quieta.

Essa história retrata também como a intervenção profissional não pode estar totalmente contaminada com crenças e opiniões do senso comum, sem levar em conta a individualidade. A sensibilidade que este médico teve foi determinante na vida dela. Hoje em dia em que TDAH está "na moda", poderia ter sido muito diferente.

Rafaela Cruz

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ser ou não ser, eis a profissão...

A discussão de ontem e o texto do Papalagui foram essenciais para mim como forma de sintetizar vários aspectos do trabalho que viemos desenvolvendo no grupo. O Tuiávii estranha o papalagui, olha, com olhos de homem que é, uma outra forma de ser humano, a forma do papalagui, do ocidental, a nossa forma de ser no mundo.

Ao nos observar, Tuávii percebe que a profissão é um aspecto muito importante de nossas vidas, central e paradoxal. Nós podemos dizer aqui que é uma forte forma de subjetivação a que estamos submetidos. Ao nos olhar, porém, ele o faz de um lugar de fora e pode dizer o que significa a profissão em nossas vidas e na nossa sociedade sem possuir as raízes históricas que nos atravessam dando-nos uma falsa impressão de naturalidade para esse fenômeno.

Ele fala do imperativo de se ter uma profissão, afirmando que somente ela seria capaz de lhe conferir o direito de ter uma atividade no mundo. Em que medida nós estamos presos a isso? Será que nós também não acreditamos e agimos como se somente nos fosse dado o direito de agir no mundo de acordo com nossas profissões? Será que não contestamos aquele que se atreve a plantar sem ser jardineiro ou outro que ousa cantar sem ser músico profissional, alegando que tudo isso seria perda de tempo, que eles deveriam mesmo era fazer todos os dias e praticar exaustivamente suas profissões, e somente elas? Será que nós não estamos nos reduzindo e reduzindo o outro a uma profissão? E, se isso for realmente verdade, já pararam pra pensar quanto vida estamos aniquilando a cada dia? Preciso pensar mais nisso...

Paula Rubea.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Quanto a proposta de termos uma aula para pensarmos sobre a escolha que teremos de fazer para ingressarmos no mercado de trablaho como psicólogos

Pessoal,

Em primeiro lulgar peço desculpas sobre a falta de conhecimento de como manusear o blog que me impediram de responder comentando as colocações que fizeram sobre minha proposta. Então vou tentar responder com uma nova postagem.

Quando me referi a usar as técnicas de análise do vocacional, apenas pensei que poderíamos tirar do centro de nosso grupo de análise, a própria temática análise do vocacional ou aquela proposta pelo professor para aquele dia de aula e nos colocarmos no centro.

Nos colocarmos no centro do grupo para analisar a demanda de escolha que nos é necessário ao concluirmos a formação em psicologia. Ou melhor, pensar sobre a escolha que teremos de fazer acerca do ramo de atuação, quanto psicólogo, que exerceremos no mercado de trabalho assim que sairmo da graduação.

É somente isto.

Luciana Pucci Santos

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Siddhartha

Aí vai um trecho de um dos meus livros favoritos, Siddhartha de Hermann Hesse, que gostaria de compartilhar, pois acho que muito tem a ver com o nosso rizoma "construído":

"E com isso te comunico uma doutrina que te fará rir, ó Govinda: tenho para mim que o amor é o que há de mais importante no mundo. Analisar o mundo, explicá-lo, menosprezá-lo, talvez caiba aos grandes pensadores. Mas a mim interessa exclusivamente que eu seja capaz de amar o mundo (...) O gesto da tua mão me importa mais do que as suas opiniões. Não é nos seus discursos e nas suas idéias que se me depara a sua grandeza, senão unicamente nos seus atos e na sua vida".


muito boa noite!

Debora Navarro

conservação a qualquer custo??

O tema da AV me veio esses dias em uma situação engraçada. Minha mãe estava viajando esses dias, peguei meu dinheiro e fui fazer uma tatuagem. Não fiz naquele momento exatamente porque ela estava fora e eu "aproveitei", foi mais para não ter ninguém enchendo meu saco dos dias de cicatrização. Enfim, eis que ela chega e eu revelo a dita-cuja, colorida e linda bem no meio das costas... ela, é claro, começou a gritar: DÉBORA, VOCÊ SE MUTILOU!!! Como você faz uma coisa dessas!!! Diminuiu suas oportunidades de emprego!!!
Nesse ponto eu perguntei a ela: mas me diz, que emprego que vai me fazer tirar a roupa para provar que eu não tenho tatuagem ou coisa assim?
E ela disse: As forças armadas! Olha só, um CONCURSO PÚBLICO que você não pode mais fazer por uma burrice dessas!!!
...eu respondi: Mãe, já parou para pensar que talvez eu não queira trabalhar pras forças armadas??!!

Engraçado o esforço niilista pela conservação que vem como primeiro "impulso" frente a uma situação de risco. Esse elemento "concurso público" parece ter sido fisgado meio do nada, da gama de planos B que ficam boiando na mente dos nossos pais (e muitas vezes nas nossas) a fim de garantir a sobrevivência do filho (ou nossa) a qualquer custo.

Tudo bem, talvez fosse interessante ser psicóloga de uma instituição peculiar dessas, mas me submeter ao regime militar?? Acho que prefiro minha tattoo! Outras coisas são tão interessantes quanto. E quem disse que concurso público por si só é algo que irá me satisfazer? Só porque implica estabilidade financeira? Talvez eu prefire me mudar para um trailer e fazer psicologia pelo mundo afora, vivendo pela troca, os pacientes pagando o que puderem por aquela sessão dentro do trailer ou nas praças do mundo. Isso me parece muito mais instigante e vivo do que saber que meu pagamento está hibernando lá na minha conta corrente para sempre.

Talvez essa imagem pareça um sonho distante e juvenil, mas se investido tempo, dinheiro e paixão nisso, quem sabe não dá certo? Pode ser uma escolha da escolha, alternativa à psicologia sedentária que conhecemos (tanto clínica quanto institucional). O importante é tentar, certo? Ou melhor: o que importa é afirmar a vida. E se começa definindo o que é vida para nós...


Debora Navarro